Domingo, 20 de Janeiro de 2008

Epitáfio…

Vivia esses meus dias, vivia-os sem viver…
Diária e calmamente sentia-me a descer
Aceitava o fim, que chegava e vinha ver,
Quando ela me surgiu, longínqua, já ao entardecer
E um cálice de suave e doce luz me deu a beber…
Com ela sempre em mim passei a adormecer
Que um amor assim sempre aspirara a ter
E me batia à porta, quase passando sem o ver!
Mas..se o amor, mesmo tardio, é algo a não perder
Se um amor assim vivido só nos faz morrer!
Se um amor assim é, é algo pra esquecer
Será que terei força pra me voltar a erguer?
Será que a partir de hoje quererei mais viver?
publicado por Júlio Moreno às 10:10
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Recordações de infância (mas que título tão gasto!...)

A avenida era asfaltada, lisinha e larga e mesmo no cimo, em frente do hotel, enorme no seu vazio de Inverno, ficava a casa dos meus pais que era a minha.
Teria os meus quatro anos e uma das coisas de que mais gostava era de levar o meu belo automóvel azul, de pedais, volante de madeira e faróis que, à noite, ate pareciam que acendiam, para a avenida, cujo movimento era praticamente nulo.
Aproveitando a descida, dava então aos pedais com quanta força tinha para ganhar suficiente velocidade e poder sentir que realmente tinha um carro e estava a conduzi-lo.
Um dia, porém, lançado a toda a velocidade e a meio da descida, resolvi, subitamente, inverter a marcha e voltar para trás pelo que rodei o volante para a esquerda esperando que o balanço adquirido me desse para percorrer alguns metros em sentido inverso…
Em má hora o fiz e péssima ideia a minha! Mal começou a curvar para a esquerda, o carro, no seu todo, tombou sobre a direita e, comigo dentro, deu várias voltas sobre si mesmo, amolgando-se todo, raspando a linda pintura azul, que ficou uma lástima, e arrancando um farol cujo gancho, por capricho do destino, me apanhou o queixo e mo rasgou num fundo golpe que teve de ser suturado com 3 ou 4 agrafes daqueles metálicos que o meu pai, no seu consultório, usava, por vezes, para “fechar” feridas abertas que lhe apareciam.
Um enorme penso no queixo que mais pareciam as barbas do Pai Natal completava o quadro e era uma das consequências visíveis – a outra era o próprio carro! – daquele meu acidente de automóvel.
Porém, quando pensava que ia ser muito acarinhado, cumprimentado e perguntado sobre as melhoras que sentia ou não sentia, o “negócio” saiu-me furado e bem furado pois o meu pai, que na altura jogava (e bem) golfe, meteu-me, no fim dessa tarde de meio Inverno ainda, no carro dele juntamente com o saco dos ferros e mais de cem bolas de golfe mandando-me para o fundo do campo de treino apanhar as que ele, sem nunca se cansar, para lá ia atirando usando o ferro 3, o ferro com que sempre saía nos “fairways” compridos pois nunca gostou de jogar nem o “drive”, nem o “brassy” nem o “spoon” grandes madeiras de inclinações diferentes.
Em vez de estar “de baixa médica”, como julgava que iria estar, era o meu próprio pai que, sendo médico, me impunha aquela punição de por mais de hora e meia lhe vir trazer as mais de cinquenta bolas que seguidamente voltava a bater isto talvez numas vinte e tal viagens de uns duzentos a duzentos e cinquenta metros cada uma…
Nunca mais voltei a virar, nem mesmo hoje, o volante para a esquerda numa descida… mas sob o queixo, quando o levanto para fazer a barba vejo bem a pequena cicatriz que lá ficou do meu primeiro acidente de automóvel…
publicado por Júlio Moreno às 00:52
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Terça-feira, 15 de Janeiro de 2008

O novo aeroporto visto por um leigo na matéria mas que teima em continuar a ser português…

Muito se tem falado e muita tinta correu já a propósito do novo aeroporto de Lisboa sendo várias, e nenhuma delas consensual, as soluções que vêm sendo propostas: - Ota, Rio Frio, Montijo, manutenção da Portela com anexação de Figo Maduro, mais figo menos figo, sei lá!


Ultimamente, por iniciativa de alguns cidadãos mais clarividentes do que teimosamente politiqueiros, surgiu como solução possível o Campo de Tiro de Alcochete a que o LNEC deu o seu aval "quase" absoluto.


- É que, na realidade, campos de tiro como os de Alcochete há sempre Bushes e Bin-Ladens que se encarregarão de nos-los emprestar se necessário!


Muito bem:


Seja onde for que fique instalado o novo aeroporto, "penso eu de que", antes de mais e perante o estado ruinoso a que a revolução democrática dos "cravos" - flor que foi tão linda!- vem levando o país, - afirmando-se uma democracia sem que o Povo saiba sequer o que isso é, a começar pelos próprios políticos que são o mais triste exemplo da proclamada sã convivência democrática – desbaratadas as finanças públicas – a “pesada herança”, mas em barras de ouro, de que falava o ex-amordaçado Mário Soares e que ele mesmo, e comandita, se apressaram a desbaratar – voando “graciosamente” e com largos séquitos pelo mundo inteiro, oferecendo lautíssimas jantaradas a políticos de meia tigela em cujos convites foi sempre pródigo à custa do Povo e distribuindo larguíssimos benefícios nos designados “jobs for the boys”


                                                – importará agora TENTAR arrepiar caminho e, se ainda formos a tempo – porque os “euro-euros” estão a acabar e as falências continuam! – procurarmos dar a volta ao resultado e retornar à nossa vocação de séculos, atlântica, timorata e inovadora.


Ora, comigo acontece que, quando olho para um mapa “mundi” e vejo a "jangada de pedra" de Saramago nele desenhada, Portugal se me afigura sempre como algo parecido a um porta-aviões, a um porta-aviões da Europa, tão proeminente está no Atlântico e tão ocidental é em relação à Europa com que nos fomos meter …


E se é porta-aviões deverá haver nele pistas para que os ditos aviões possam aterrar e dele possam descolar (eu ia dizer desaterrar mas pensei que me poderiam levar a mal e, por isso, não disse…) daí a real necessidade de um aeroporto!


 No mundo actual, “globalizado”, como hoje se diz à boca cheia (eu não disse com a boca cheia, que parece mal!), no mundo actual, as distâncias tornam-se menores e quase se anulam, senão em milhas ou quilómetros pelo menos em horas e minutos, pelo que os transportes são, e cada vez mais, uma das mais prementes e industriais necessidades desse mundo.


Mas o que será que se transporta? Coisas e pessoas, ou só coisas ou só pessoas, isto é carga e passageiros, estando eu em crer que, a breve trecho, tais transportes serão quase sempre sazonais, isto é pessoas dos Verões para osVerões e cargas nos Invernos.


Mas como temos a felicidade de vivermos numa bola, onde, se pudesse já há muito teria dado um chuto!, quando em baixo é Inverno em cima é Verão e vice-versa, julgo que, com maior ou menor peso do "euro-dólar", a coisa, em termos de movimento, logo "cash", virá quase a dar na mesma, isto é, haverá tantas cargas como pessoas a transportar durante o ano inteiro.


Ora, penso eu que, mal “acomparado”, um aeroporto nos dias de hoje poderá vir a parecer-se como um coração gigante dum mundo cada vez mais pequeno que recebe e distribui cargas e pessoas pelo seu corpo redondo e cheio de mazelas tal como um corpo enfezado, mas que teime em viver, vai distribuindo o sangue pelo seu próprio organismo escanzelado, e estando o aeroporto em Alcochete, porque não tranformá-lo em coração de transportes em vez de sangue e enveredar a sério, por uma política internacional de transportes, encurtando os voos internacionais transatlânticos (poluindo menos e reduzindo custos e riscos), conflituando menos com o intensíssimo e saturado tráfego aéreo de uma Europa, já sem espaço para mais aviões, e fazendo de Alcochete o PONTO de CHEGADA e o de PARTIDA de tudo quanto é gente e coisa que vai e vem de um para o outro lado do Atlântico, e a partir daí, do coração Alcochete, através das artérias (auto-estradas e comboios de altas velocidades para a Europa) e das veias (auto-estradas e comboios de altas velocidades vindos da Europa para Alcochete), criar um fluxo novo mais económico, menos poluidor, menos perigoso e quiçá mais rentável cá para o Zé que, em torno do novo espaço – deixando área suficiente para futuras e previsíveis expansões – logo criaria armazéns para mercadorias em trãnsito, fábricas para agrupamentos do que, vindo desmanchado, tivesse de ser entregue, inteirinho e pronto a funcionar, no seu destino, criando frotas de TIRs e novas tecnologias (com oficinas, manutenções, reparações, até fabrico de chassis, carroçarias e motores) que despejasse continuamente e continuamente recebesse por essas artérias e veias, partindo de e chegando a Alcochete e, nos casos em que tal se justificasse, seguindo mesmo por mar através de um dos maiores portos naturais do mundo que é o estuário do Tejo ou de Setúbal de onde já tantas gloriosas caravelas e naus partiram noutros tempos!...


Por ordem de prioridades e de conveniencias: - ligações com África, - vias marítimas e aéreas; com as Américas: vias aéreas e marítimas.


Com uma política bem consertada com a nossa vizinha Espanha, passado que foi a síndrome de Aljubarrota, talvez este fosse um processo de, a médio prazo tirar Portugal do charco de lodo sujo e podre em que um por todos e todos por um vão teimando em afundar-nos os novos donos do País.


Não seria engraçado? Pensem nisso que eu também vou pensando nestas ideias aqui tão mal alinhavadas…

publicado por Júlio Moreno às 17:47
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Domingo, 6 de Janeiro de 2008

Devo acreditar?

Devo acreditar no artigo que Miguel de Sousa Tvares terá escrito no Expresso e que acabo de ler no meu PD de hoje?


Se devo, que dizer do Senhor Governador do Banco de Portugal que, além de se atribuir a si mesmo e aos seus colegas de fortuna, vencimentos chorudos e mordomias maiores que as de Ministro, se permite "afrontar" o Povo ao estabelecer para si mesmo a reforma vitalícia e por inteiro ao fim de seis "exaustivos" e tão laboriosos anos de trabalho (como acabámos de verificar)  para fazer o que aqui vemos retratado como uma dos grandes embustes da nossa triste história democrática contenmporânea?!...


Segue o artigo, tal como o li e transcrevi, sem outros comentários senão os de que, em face do que me é dado ver, haverá muitos inocentes nas cadeias portuiguesas:


"Da Opus Dei à Maçonaria: a incrível história do BCP"


"A história do BCP é absolutamente exemplar de um regime, em sentido lato, onde tudo o que são valores essenciais - incluindo a própria vergonha - parecem ter-se perdido para sempre Em países onde o capitalismo, as leis da concorrência e a seriedade do negócio bancário são levados a sério, a inacreditável história do BCP já teria levado a prisões e a um escândalo público de todo o tamanho. Em Portugal, como tudo vai acabar sem responsáveis e sem responsabilidades, convém recordar os principais momentos deste «case study», para que ao menos a falta de vergonha não passe impune."


"1 Até ao 25 de Abril, o negócio bancário em Portugal obedecia a regras simples: cada grande família, intimamente ligada ao regime, tinha o seu banco. Os bancos tinham um só dono ou uma só família como dono e sustentavam os demais negócios do respectivo grupo. Com o 25 de Abril e a nacionalização sumária de toda a banca, entrámos num período 'revolucionário' em que "a banca ao serviço do povo" se traduzia, aos olhos do povo, por uns camaradas mal vestidos e mal encarados que nos atendiam aos balcões como se nos estivessem a fazer um grande favor. Jardim Gonçalves veio revolucionar isso, com a criação do BCP e, mais tarde, da Nova Rede, onde as pessoas passaram a ser tratadas como clientes e recebidas por profissionais do ofício. Mas, mais: ele conseguiu criar um banco através de um MBO informal que, na prática, assentava na ideia de valorizar a competência sobre o capital. O BCP reuniu uma série de accionistas fundadores, mas quem de facto mandava eram os administradores - que não tinham capital, mas tinham «know-how». Todos os fundadores aceitaram o contrato proposto pelo "engenheiro" - à excepção de Américo Amorim, que tratou de sair, com grandes lucros, assim que achou que os gestores não respeitavam o estatuto a que se achava com direito (e dinheiro)."


"2 Com essa imagem, aliás merecida, de profissionalismo e competência, o BCP foi crescendo, crescendo, até se tornar o maior banco privado português, apenas atrás do único banco público, a Caixa Geral de Depósitos. E, de cada vez que crescia, era necessário um aumento de capital. E, em cada aumento de capital, era necessário evitar que algum accionista individual ganhasse tanta dimensão que pudesse passar a interferir na gestão do banco. Para tal, o BCP começou a fazer coisas pouco recomendáveis: aos pequenos depositantes, que lhe tinham confiado as suas poupanças para gestão, o BCP tratava de lhes comprar, sem os consultar, acções do próprio banco nos aumentos de capital, deixando-os depois desamparados perante as perdas em bolsa; aos grandes depositantes e amigos dos gestores, abria-lhes créditos de milhões em «off-shores» para comprarem acções do banco, cobrindo-lhes, em caso de necessidade, os prejuízos do investimento. Desta forma exemplar, o banco financiou o seu crescimento com o pêlo do próprio cão - aliás, com o dinheiro dos depositantes - e subtraiu ao Estado uma fortuna em lucros não declarados para impostos. Ano após ano, também o próprio BCP declarava lucros astronómicos, pelos quais pagava menos de impostos do que os porteiros do banco pagavam de IRS em percentagem. E, enquanto isso, aqueles que lhe tinham confiado as suas pequenas ou médias poupanças viam-nas sistematicamente estagnadas ou até diminuídas e, de seis em seis meses, recebiam uma carta-circular do engenheiro a explicar que os mercados estavam muito mal."


"3 Depois, e seguindo a velha profecia marxista, o BCP quis crescer ainda mais e engolir o BPI. Não conseguiu, mas, no processo, o engenheiro trucidou o sucessor que ele próprio havia escolhido, mostrando que a tímida "renovação" anunciada não passava de uma farsa. E descobriu-se ainda uma outra coisa extraordinária e que se diria impossível: que o BCP e o BPI tinham participações cruzadas, ao ponto de hoje o BPI deter 8% do capital do BCP e, como maior accionista individual, ter-se tornado determinante no processo de escolha da nova administração... do concorrente! Como se fosse a coisa mais natural do mundo, o presidente do BPI dá uma conferência de imprensa a explicar quem deve integrar a nova administração do banco que o quis opar e com o qual é suposto concorrer no mercado, todos os dias..."


"4 Instalada entretanto a guerra interna, entra em cena o notável comendador Berardo - o homem que mais riqueza acumula e menos produz no país - protegido de Sócrates, que lhe deu um museu do Estado para ele armazenar a sua colecção de arte privada. Mas, verdade se diga, as brasas espalhadas por Berardo tiveram o mérito de revelar segredos ocultos e inconfessáveis daquela casa. E assim ficámos a saber que o filho do engenheiro fora financiado em milhões para um negócio de vão de escada, e perdoado em milhões quando o negócio inevitavelmente foi por água abaixo. E que havia também amigos do engenheiro e da administração, gente que se prestara ao esquema das «off-shores», que igualmente viam os seus créditos malparados serem perdoados e esquecidos por acto de favor pessoal."


"5 E foi quando, lá do fundo do sono dos justos onde dormia tranquilo, acorda inesperadamente o governador do Banco de Portugal e resolve dizer que já bastava: aquela gente não podia continuar a dirigir o banco, sob pena de acontecer alguma coisa de mais grave - como, por exemplo, a própria falência, a prazo."


"6 Reúnem-se, então, as seguintes personalidades de eleição: o comendador Berardo, o presidente de uma empresa pública com participação no BCP e ele próprio ex-ministro de um governo PSD e da confiança pessoal de Sócrates, mais, ao que consta, alguém em representação do doutor «honoris causa» Stanley Ho - a quem tantos socialistas tanto devem e vice-versa. E, entre todos, congeminam um «take over» sobre a administração do BCP, com o «agrément» do dr. Fernando Ulrich, do BPI. E olhando para o panorama perturbante a que se tinha chegado, a juntar ao súbito despertar do dr. Vítor Constâncio, acharam todos avisado entregar o BCP ao PS. Para que não restassem dúvidas das suas boas intenções, até concordaram em que a vice-presidência fosse entregue ao sr. Armando Vara (que também usa 'dr.') - esse expoente político e bancário que o país inteiro conhece e respeita."


"7 E eis como um banco, que era tão independente que fazia tremer os governos, desagua nos braços cândidos de um partido político - e logo o do Governo. E eis como um banco, que era tão cristão, tão «opus dei», tão boas famílias, acaba na esfera dessa curiosa seita do avental, a que chamam maçonaria."


"8 E, revelada a trama em todo o seu esplendor, que faz o líder da oposição? Pede em troca, para o seu partido, a Caixa Geral de Depósitos, o banco público. Pede e vai receber, porque há 'matérias de regime' que mesmo um governo com maioria absoluta no parlamento não se atreve a pôr em causa. Um governo inteligente, em Portugal, sabe que nunca pode abocanhar o bolo todo. Sob pena de os escândalos começarem a rolar na praça pública, não pode haver durante muito tempo um pequeno exército de desempregados da Grande Família do Bloco Central. Se alguém me tivesse contado esta história, eu não teria acreditado. Mas vemos, ouvimos e lemos. E foi tal e qual.""

publicado por Júlio Moreno às 16:31
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Sexta-feira, 4 de Janeiro de 2008

Os tempos, os saberes e as mentalidades…

Ao longo dos séculos sempre houve tempo, eles mesmos são o exemplo disso.

Sempre houve saber, uns sabiam mais do que outros, uns interessavam-se, eram curiosos e gostavam do saber para sua própria satisfação pessoal e necessidade económica, enquanto que outros não se interessavam por aprender o que quer que fosse, excepto o valor da honra pelo uso e abuso dar armas, vivendo do que os seus pais tinham aprendido, à sua sombra e sob a sua protecção e projecção sociais, sem sentirem nem curiosidade por saber nem a mínima necessidade em se instruírem.

Instruírem-se? E para quê? Para quê se tinham tudo! Os prazeres mais frívolos que eram a carne da mulher que raramente a sua beleza pois a verdade dessa raramente era exterior mas sim e cada vez mais interior, sempre fugindo, as que não fossem da mesma estirpe ou origem, e cada vez mais se escapando a esses conquistadores de capa e espada, para os quais o destemor da morte, a estulta virilidade dessa maneira demonstrada era o valor supremo a atingir pelo homem que o fosse entregando, deste modo, ás mãos de um fortuito acaso algo que, por ser de Deus, nunca lhes pertencera!

Os que eram instruídos estavam socialmente muito abaixo de si.

Eram as mentalidades a marcar a sua presença, a mostrar à saciedade que existiam e, se bem que servissem a muitos, para outros de nada serviam, posto que, por ignorarem “como”, nunca se atreviam a usá-la, temendo, talvez, fazerem má figura!

Assim se atrofiaram as mentalidades, se minguaram os cérebros e se destacaram, pela negativa e do ponto de vista social, aqueles que tinham de saber para sobreviver, apenas para que reparassem neles e lhes dessem com que se alimentar e alimentar os que tinham tido a fortuna ou o azar de se lhes haver ligado…

Era o Código do Conde de Liepe que, no seu Código Napoleónico, mandava que o sargento tinha obrigatoriamente de saber ler e escrever porque o capitão, em sendo fidalgo, poderia não saber…

Nos dias de hoje a situação repete-se, ou melhor, mantém-se e, diria mesmo, que afincadamente se cultiva.

A ignorância grassa e o dinheiro abunda talvez no vazio deixado pela primeira.

Em lugar de crime fala-se de política: - em lugar de haver criminalmente responsáveis fala-se em politicamente responsáveis e o mundo singra no meio da graciosidade das guerras preventivas, das sucessivas e tão interessantes crises do petróleo e dos jogos de computador onde a brutalidade satisfaz os que têm dinheiro para os pagar enquanto alimenta quem os fabrica ou produz, aqui se diferenciando o produtor-autor do produtor-fabricante, e vivendo o segundo normalmente à custa do primeiro!

E os que já se não distraem em “play-stations” com aterrorizadoras corridas de automóveis e lutas monstruosas e fratricidas de monstros inimagináveis ainda no dia anterior, esse correm para os panos verdes dos casinos ou para os bares onde as raparigas exibem os seus corpos nus, ou a acelerado caminho disso, enrolados à volta de uns tubos de metal, com isso se saciando do vazio das respectivas almas quando não tirando dos fundos das gavetas os metálicos proveitos que tais exibições lhes rendem.

Pensando em tempos, saberes e mentalidades de hoje, pergunto-me se
não haverá outro mundo, no meio de tantas galáxias, para onde eu possa emigrar em busca da santa ignorância para começar a aprender de novo a fazer o fogo mediante a fricção de dois pauzinhos…
publicado por Júlio Moreno às 22:01
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Foi interessante o sonho que tive…

O hospital onde era a consulta ficava num ermo onde era o único edifício e enorme. Depois de um portão onde a terra para, estacionar o meu carro que era o único, estava revolvida de fresco, como numa quinta e, nalguns locais, com sulcos tão profundos que era mesmo preciso contornar.

O médico que me atendia era uma médica. Eslava suponho, muito embora se esforçasse por falar um português o mais correctamente possível mas que, não o conseguindo, era perfeitamente inteligível.

Era uma mulher de uns trinta e poucos anos, estatura média, magra e de pele clara, mas morena, feições correctas e regulares, sem serem, no entanto, demasiado angulosas e rígidas revelavam, no entanto, uma docura difícil de descrever .. Usava o cabelo preso, muito liso na cabeça e descendo-lhe pelas costa num negro rabo de cavalo impecavelmente limpo e escovado que contrastava flagrantemente com a sua bata branca..

Era uma mulher bonita e cativante sem querer, no entanto, dar nas vistas o que, bem por certo, aconteceria se quisesse arranjar-se para um jantar à luz de velas para que fosse convidada

Enquanto cuidadosa e meticulosamente, me observava, ia falando de si e assim pude aperceber-me de que estaria em Portugal refugiada porque, sendo seu pai um general político no seu país, havia sido aí preso e condenado, com o que desaparecera havia muito tempo, desconhecendo ela mesma se ainda viveria.

Tinha uma filha, de 10 ou 11 anos, que, sendo particularmente rebelde, como ela fora, confessou-mo, lhe ia dando algumas preocupações. Tudo isto fez com que a consulta tivesse sido particularmente agradável e o tempo se passasse rapidamente.

Passada a prescrição fiquei de regressar passado algum tempo, intrigado, porém, com aquela mulher que tal curiosidade fizera despertar em mim.

No dia aprazado, regressei à consulta, verificando que tudo estava alterado. O portão fechado, a terra completamente revolvida, de modo a que só máquinas agrícolas ou veículos militares por lá poderiam passar.

De qualquer modo consegui parar o carro, outra vez o único, e subir as escadas que me conduziram ao labiríntico consultório. Ela lá estava. Risonha e feliz desta vez. Mais linda que antes, pois, de todo aquele rosto irradiava luz e sonho.

Observou-me com o mesmo cuidado e a mesma atenção mas ao termina-la, inesperadamente e com o maior dos à vontades cavalgou-me os joelhos sentando-se nas minhas pernas e, passando-me os braços pelos ombros e à volta do pescoço, disse-me baixinho: - Soube do meu pai. Está vivo e vai ser solto. Volto para a minha terra. Porque desde o primeiro momento senti que te amava, peço-te que venhas comigo, que passes tu a ser agora o emigrante…

Acordei na altura com um irritante som de um telemóvel para cuja hora, infelizmente, o programara na véspera…
publicado por Júlio Moreno às 13:34
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Morte: médicos culpam Sócrates

"Morte: médicos culpam Sócrates
"2008/01/03 | 20:34
"Bastonário responsabiliza PM pela morte de uma idosa no Hospital de Aveiro, enquanto esperava atendimento. «Urgências estão a funcionar para além das suas capacidades». «É a José Sócrates que devem ser imputadas responsabilidades»"

À notícia supra, que vem hoje publicada no PD com referência ao Correio da Manhã, me apetece comentar o seguinte:

Já tanta gente fafa, fala, fala... comenta, comenta, comenta (eu próprio, mas com 71 anos já!) que me pergunto:

- Para onde foram os homens desta terra que ainda não levaram esta ilustre personagem a responder pelas autênticas barbaridades que tem cometido em prol do País sacrificando os mais pequenos, os de menos recursos, enfim... os mais fracos como é próprio e apanágio dos tiranetes de meia tigela!

- Fui preso em 25 de Abril de 1974, estive detido 254 dias, foi solto, tal como preso fui - sem sequer sabetr porquê nem ter sido julgado e condenado. Se minha mãe, na altuira já falecida, estivesse viva nesse tempo, por certo que teria morrido, doente do coração como era! E eu hoje não estaria solto, se calhar, teria feito justiça por minhas mãos, que ainda hoje me arrependo de a não ter feito...

É ver toda a destruição de um país às mãos de megalómanos e de pseudo-políticos esclarecidos que só sabem governar desgovernando e tirando a quem mais fraco é quem mais precisa...

"Quosque tandem abutere, Socrates, patientia nostra!?"Até quando, ò Socrates, abusarás da nossa paciência?
publicado por Júlio Moreno às 11:34
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Quinta-feira, 3 de Janeiro de 2008

É tão fácil governar um País!...

Que o diga o sr. primeiro e único ministro, arrogante, vaidoso, prepotente,ignorante e só esperto sem ser inteligente, (que o outro, o botas esse era!) bem ao contráriio do que está convencido e do que cada vez mais o convencem aqueles que à sua volta gravitam tal como começaram, em tempos que já lá vão, e de mansinho, a gravitar em torno de Salazar...

De corte em corte, de amputação em amputação, vai destruindo um país que o seu partido arruinou ao desbaratar a pesada herança que encontrou nos cofres do Estado, e que esta agora quer re-haver nem que para isso escravise, amordace, asfixie as populações que é o que têm feito os escravos dos seus ministros, a começar pelo das Finanças e a acabar no da Saúde com passagem pela Educação!

Deixem-no andar, deixem-no ir mais longe, agora sem PIDE mas com ASAE. (noutros países chamam-se KGBS, CIAS, etc.) ele vai lá, ele consegue ele lá arranja quem o proteja.

Povo, Povo ou o travas agora ou será tarde. Dá-lhe um ordenado mínimo, um par de cuecas uma "tshirt" (que o ingles dele deve dar para entender o que seja) e um pontapé no traseiro que é o que merece quem assim trata o povo a quem mente para se fazer votado.

Aos outros, aos apaniguados, àqueles que lá estão para lhe defender a pele, paga-os a peso de ouro, como vencimentos imorais que nos deixam pura e simplesmente boquiabertos quando de tal nos vamos lentamente apercebendo.

Que fácil é governar assim um país e dizer ao mundo que o faz em "democracia"!

Já aqui o disse uma vez, digo agora e digo-o agora uma vez mais: - democracia que que dizer "governo do povo" aqui quer dizer "governo do demo" e a esse "demo" deve dar-se um nome: chamar-lhe "Sócrates".

Mandemo-lo para a rua mesmo antes de terminar a legislatura. O Presidente tem poderes para o fazer, Que olhe para o Povo e que o faça, caramba, de uma vez por todas que o faça.

Já basta de tanta arrogância, prepotência e aldrabice...
publicado por Júlio Moreno às 20:21
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Terça-feira, 1 de Janeiro de 2008

Não resisto...

Não resisto, neste meu primeiro dia do ano de 2008, a transcrever, na íntegra, o texto que, por "e-mail", mão amiga e clarividente fez o favor de me enviar.


Comentá-lo? Para quê?


Lê-lo e, sobretudo, senti-lo, acho que bastará e será o suficiente para que, cada um de nós, se aperceba da verdadeira dimensão do que é "um ano de luz" que será a distância a que nos encontramos deste País, isto não obstante tenhamos como "nosso primeiro" um nome sonante e que deveria ser de arquétipa responsabilidade.


Segue, pois, o texto e que quem quer que o leia que veja nele o que mais lhe aprouver:


"PARA REFLEXÃO E EXEMPLO DE CIDADANIA


" Para Quando.... Portugal...? </p>
"Na Noruega, o horário de trabalho começa cedo (às 8 horas) e acaba cedo (às 15.30). As mães e os pais noruegueses têm uma parte significativa dos seus dias para serem pais, para proporcionar aos filhos algo mais do que um serão de televisão ou videojogos. Têm um ano de licença de maternidade e nunca ouviram falar de despedimentos por gravidez." "A riqueza que produzem nos seus trabalhos garante-lhes o maior nível salarial da Europa. Que é também, desculpem-me os menos sensíveis ao argumento, o mais igualitário. Todos descontam um IRS limpo e transparente que não é depois desbaratado em rotundas e estatuária kitsh, nem em auto estradas (só têm 200 quilómetros dessas «alavancas de progresso»), nem em Expos e Euros." "É tempo de os empresários portugueses constatarem que, na Noruega, a Fuga ao fisco não é uma «vantagem competitiva». Ali, o cruzamento de dados «devassa» as contas bancárias, as apólices de seguros, as propriedades móveis e imóveis e as «ofertas» de património a familiares que, em Portugal, país de gentes inventivas, garantem anonimato aos crimes e «confundem» os poucos olhos que se dedicam ao combate à fraude económica." "Mais do que os costumeiros «bons negócios», os empresários portugueses deviam pôr os olhos naquilo que a Noruega tem para nos ensinar. E, já agora, os políticos. Numa crónica inspirada, o correspondente da TSF naquele país, afiança que os ministros não se medem pelas gravatas, nem pela alta cilindrada das suas frotas de carros. Pelo contrário, andam de metro, e não se ofendem quando os tratam por tu. Aqui, cada ministério faz uso de dezenas de carros topo de gama, com vidros fumados para não dar lastro às ideias de transparência dos cidadãos. Os ministros portugueses fazem-se preceder de batedores motorizados, poluem o ambiente, dão maus exemplos e gastam a rodos o dinheiro que escasseia para assuntos de facto importantes." "Mais: os noruegueses sabem que não se «projecta o nome do país» com despesismos faraónicos, basta ser-se sensato e fazer da gestão das contas públicas um exercício de ética e responsabilidade. Arafat e Rabin assinaram um tratado de paz em Oslo. E, que se saiba, não foi preciso desbaratarem milhões de contos para que o nome da capital norueguesa corresse mundo por uma boa causa." "Até os clubes de futebol noruegueses, que pedem meças aos seus congéneres lusos em competições internacionais, nunca precisaram de pagar aos seus jogadores 400 salários mínimos por mês para que estes joguem à bola. Nas gélidas terras dos vikings conheci empresários portugueses que ali montaram negócios florescentes. Um deles, isolado numa ilha acima do círculo polar Árctico, deixava elogios rasgados à «social-democracia nórdica». Ao tempo para viver e à segurança social. Ali, naquele país, também há patos-bravos. Mas, para os vermos, precisamos de apontar binóculos para o céu. Não andam de jipe e óculos escuros. Não clamam por Messias nem por prebendas. Não se queixam do «excessivo peso do Estado», para depois exigirem isenções e subsídios. É tempo de aprendermos que os bárbaros somos nós. Seria meio caminho andado para nos civilizarmos."" </p>
publicado por Júlio Moreno às 14:02
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Hábitos que se perdem com o tempo e na sua voracidade...

Tenho tres filhos e cinco netos e, com mágoa o digo, melhor fora que não soubesse sequer o que isso era!


Estou sozinho, em minha casa, um modestíssimo TO que arrendei quando, por mercê das novas governações e das diversas democracias que então se instituiram, vi o meu futuro despedaçado, destruído e esfumando-se como o fumo denso se esfuma perante o vento forte que o dissipa...


Sofro dos achaques próprios de quem tem setenta e um anos feitos, poucos mais para viver e, serenamente, só com medo do sofrimento (que esse sinto-o)!, procuro enfrentar esse inexorável porvir interrogando-me sobre se terei valido e, de algum modo, compensado o esforço que meus saudosos pais tiveram em me criarem!


Assisto, através deste luxo que, com a magríssima reforma - quase esmola - que aufiro após quase 40 anos de trabalho, e que a mim mesmo me concedo - a Internet, a que chamo de minha janela para o mundo - aos desvarios e aos desavergonhados cantares de galo no poleiro dos políticos que julgam ser alguém e que ficarão na "estória" porque na "história" não ficarão por certo...


Sem champanhe, que nem a reforma nem o fígado mo consentem, brindei a entrada do novo ano com um quarto de copo do vinho branco que me havia sobejado do jantar, hoje um pouco melhorado, embora continue sem grande jeito para a culinária...


Entretive-me a ver na televisão as farças delirantes com que pretendem cativar as audiências e, dentre todas, a que mais apreciei foi a denominada "familia Superstar" da Sic que me foi entretendo ao longo das últimas semanas...


Chegou a meia noite. Pressentia que chegava, sentia-a chegar, vi-a chegar e ela passou por mim...


Fiz um telefonema de obrigação a quem mais velho era do que eu e a quem muito prezo desejando-lhe um bom ano.


Recebi dois: um local de pessoa amiga à moda antiga e de longa data e um outro dos Estados Unidos da América de quem teve a atenção de, às sete da tarde locais, se lembrar de que, para mim, seria meia-noite...


Comecei este "post" dizendo que tinha três filhos... mas devo ter-me emganado pois apenas dei forma humana a três seres que o não serão pois que do pai não se lembraram nem sequer um escasso minuto com ele perderam nesta noite de hábitos...


Acabo de escrver estas linhas já no 1º de Janeiro de 2008, -às 3 e 10 da manhã e durante todo este tempo estive pensando e recordando... Senti, uma vez mais, o terrível significado e o peso tremendo da "saudade"... 


Será que assistirei ao início de 2009? Resistirei até lá como é minha intenção e vontade?


Um Bom Ano a quem tiver a paciência de me ler e que não se deixe enredar por estes lúgubres pensamentos que me envolvem neste momento são os meus mais sinceros votos...

publicado por Júlio Moreno às 03:03
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