Sexta-feira, 24 de Dezembro de 2010

Os CTT, o Natal! e... o resto.

Começarei este meu brevíssimo comentário com os votos de Boas Festas que aqui faço aos funcionários (àqueles que o são ainda!) desta Empresa Pública que são os CTT e que, tendo sido um exemplo à escala europeia, anda hoje pelas ruas da amargura, de tudo vendendo nas suas estações postais, quais lojas de bricabraque e que, a julgar pelos exemplos que tem dado pessoalmente o nosso primeiro, com o seu pessoal empenho em de tudo “vender” um pouco – computadores, divida soberana, esperanças vãs, promessas ocas, etc.. -  esquecendo-se apenas de que, nestas andanças, já terá ele, como tantos outros que o antecederam, vendido o próprio País e pelo que, se for esse o caso, mais tarde poderão vir a ser “só” (pasme-se!) politicamente responsabilizados!

Vem este meu arrazoado a propósito – ou despropósito, já nem sei! – de ter acabado de fazer uma reclamação aos serviços de “encomendas expresso”, onde fui atendido por um funcionário -  correctíssimo e que me pareceu ser ainda um dos da “velha guarda” - pelo simples facto de uma encomenda (de Natal e para o Natal), que me deveria ter sido entregue “pessoalmente”, no passado dia 17, que para isso foi paga, só hoje, 24, e por especial sentido de solidariedade cívica de um vizinho, cuja identidade ignoro mas a quem daqui desde já agradeço e desejo o melhor Natal possível já que muitos são os que não conheço e vivem no meu “prédio-colmeia”, o qual deixou o respectivo “aviso de levantamento”, encontrado, bem por certo, na sua caixa de correio, para ser recuperado pelo carteiro de serviço quando, na sua próxima ronda, com ele se deparasse. juntamente com vários outros sobrescritos, no “placard” do condomínio - para o mesmo fim  e pelos mesmos motivos: - erro na distribuição pelos cacifos destinados ao correio - aviso esse que eu tive a felicidade de encontrar antes dele quando mais uma vez o procurava na minha caixa de correio.

Recolhido o aviso e revoltado como estava, fiz, como se impunha, a respectiva reclamação para os serviços tendo sido atendido pelo exemplar funcionário que acima referi, a quem me queixei e que me disse ir envidar todos os seus esforços para que a referida encomenda me fosse devidamente entregue, embora já em tempo “inúti”! e não devolvida ao respectivo expedidor, como seria o caso, e do que estava a ser informado pela sua rede informática.

Queixando-me e comentando ainda os serviços prestados pelos distribuidores actuais (antigamente eram carteiros, usavam farda cinzenta e uma grande saca de couro castanho), que frequentemente se enganam nos endereços postais pelos quais são, em princípio, responsáveis, mas adiantando eu que, em parte, os compreenderia, respondia-me ele que, em qualquer caso, deveriam demonstrar mais profissionalismo com o que concordei mas sem deixar, contudo, de lhe comentar o seguinte:

- Como exigir profissionalismo a quem hoje não tem, nem talvez nunca venha a ter profissão, tantas terão sido já as actividades exercidas e as mais que irá ainda exercer ao longo da sua vida de trabalho? Como poderá ter amor à camisola quem não tem sequer uma camisola para vestir, um símbolo para glorificar ou um valor a defender? Como poderá ter amor para dar se não existe mais amor a receber e tudo está sendo resumido à impessoalidade da acção e ao comando do “sistema”, totalmente desumanizado, desta via informática e da qual o nosso engenheiro virtual tanto se orgulha e vangloria?

- Quem, nos dias de hoje, não obteve ainda, como desculpa para algumas das sérias situações por si vividas, comprometedoras e tantas vezes gravemente prejudiciais, que o erro, se o houve, terá sido de “ninguém” mas do “sistema”?...

(Num breve parêntesis gostaria de esclarecer que nem o termo “ninguém” terá aqui a mesma conotação que lhe foi dada por Almeida Garrett no Frei Luís de Sousa, nem a palavra “sistema” o mesmo significado que lhe vem sendo atribuindo por Pinto da Costa…).

É Natal, e porque é Natal também eu procurarei temperar a minha fúria inicial considerando, no entanto que, se “errare humanum est”  enquanto homem, já “errare” não “est” enquanto Estado.

E o que estamos a ver e o que diariamente nos afronta, e confronta, é o erro do Estado e de quantos à sua custa vivem, malbaratando, quando não roubando com impunidade o Povo, com acções e omissões pelas quais só mais tarde, e se o forem, apenas politicamente poderão vir a ser punidos, coisa que também nunca entendi, já que, a ser verdadeira esta asserção e a ter mesmo algum significado prático, que não apenas retórico e de uma retórica mais do que duvidosa, também aquele que roubar um pão, porque a actual política do Estado, o vem impedindo de arranjar emprego e de ganhar honestamente a sua vida, deverá ser só politica e não criminalmente responsabilizado pois, se não tiver agido com culpa mas apenas por necessidade imperiosa e inadiável de matar a fome a si e aos seus, terá tido toda a legitimidade para, à luz dos princípios do direito natural, agir como agiu na defesa do seu direito à vida e à vida dos que de si dependem e a sua acção, na esfera da sua própria e única existência, terá de ser havida como juridicamente correcta.

Camões dizia “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades!...”! Sem pretender equiparar-me, nem por um só momento, ao épico que nos imortalizou, eu direi: - mudam-se os tempos mas a “porcaria” é a mesma... e continua!

Bom Natal a e Bom Ano Novo a quantos lerem este meu pequeno comentário. E, porque é Natal, os mesmos votos endereço àqueles que não tiverem tido a paciência ou a serenidade necessárias para o lerem até ao fim…

NOTA – Uso o termo “porcaria” por me parecer um pouco mais consentâneo com este local público onde o insiro.

publicado por Júlio Moreno às 14:07
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