Uma vez mais me proponho discorrer um pouco sobre aquilo de que pouco ou nada entendo mas que advirá, apenas e só, do mero senso comum de um cidadão interessado e preocupado.
Falarei um pouco do que a economia tem de intuitivo – e tanto assim que durante séculos “viveu” e fez viver os povos na sombra da sua modesta clandestinidade, obedecendo apenas às regras inerentes ao mero espírito de sobrevivência da própria humanidade. Durante séculos o homem, e posteriormente as Nações, no seu recíproco relacionamento foram estabelecendo princípios, regras e modos de actuação em que a troca, primeiro de bens e de serviços, e só posteriormente da moeda, e muito principalmente da palavra e da honra, serviam para concretizar as transacções de que necessitavam e sempre se fizeram.
Hoje, porém, não é assim.
Apareceu a Economia – a sacrossanta Economia – que lenta e sub-repticiamente foi invadindo as mentalidades e se enraizando nos hábitos do quotidiano, qual lei social intangível de que os homens dócil e facilmente se foram tornando escravos. E isto porquê? Apenas porque logo o homem teve artes de descobrir que surgia um instrumento novo que o livrava de ter de pensar e decidir pois alguns havia que se encarregariam de pensar e decidir por ele e que, por via disso, com a má decisão se iria, como que volatilizando, a sua própria culpa…
Lentamente a Economia foi ganhando corpo e peso e hoje em dia o seu poder é tanto que, como poderemos ver pelo caso de Portugal, neste momento se apresenta aos olhos do mundo como capaz de asfixiar, matar ou fazer ressuscitar quem a ela e às suas leis se recuse a obedecer ou aceite participar.
Vem tudo isto a propósito das agências de “rating” que, para saber o que são de facto, muito embora do que seriam já eu tivesse uma pequena ideia, fui à Wikipédia buscar os subsídios que seguidamente transcrevo:
“AGENCIAS DE RATING
“O que são as agências de rating? - As agências de rating realizam avaliações sobre países, instituições, empresas, etc. e atribuem notas de risco sobre a capacidade de pagarem as suas dívidas. Ou seja, avaliam se um país ou empresa está em boas ou más condições para pagar o dinheiro pedido na data acordada.
“Quantas agências de rating existem? - Há várias agências de rating mas as mais reconhecidas são a Standard&Poor´s, Moody' s Investor Services e a Fitch Ratings.
“Como foram criadas e como sobrevivem? - Investidores de todo o Mundo usam estas agências de rating para avaliar o risco que têm ao emprestar dinheiro a determinados países ou empresas. Existem há vários anos e foram criadas para fornecer avaliações independentes sobre investimentos. No início, os investidores pagavam para obter esses dados. Em 1975, nos EUA, devido a uma proliferação de agências de ratings - algumas com objectivos menos claros - decidiu-se que apenas a Standard&Poor´s, Moody' s e Fitch poderiam ser utilizadas oficialmente. Os próprios países pagam a estas agências para serem avaliados, como é o caso de Portugal.
“O que significam as letras das avaliações? - A classificação não é idêntica para estas três agências de rating. Para a Moody´s a melhor classificação que um país pode receber é Aaa e a pior C. Para a Standard&Poor´s e Fitch a melhor é AAA e a pior D. A escala, no mínimo, significa alta probabilidade de não pagamento das dívidas dentro do prazo acordado e, no topo, total capacidade de pagamento.
“Por que estão a ser alvo de críticas? - As agências de rating têm sido acusadas de falharem na avaliação credível e independente de certos investimentos. Falharam, por exemplo, na altura da crise financeira que começou nos Estados Unidos com avaliações elevadas no sector imobiliário. Mas também com a Islândia que entrou em bancarrota quando tinha uma avaliação elevada. Em resultado disso, tanto nos EUA como na Europa, as agências de rating começam a ser questionadas estando mesmo a ser reavaliada a sua regulação. Em resposta, as agências alegam que as notas que dão são apenas opiniões que os mercados podem ou não aceitar.
“A verdade é que não existe, no momento, qualquer forma de substituição do trabalho que fazem e que é imprescindível para quem vai emprestar dinheiro.””
Assim, com outros a pensar e a decidir por nós, tudo iria bem se tudo fosse bem, o que, como sabemos, não será bem o caso, e isto porque, a meu ver, muito fica ainda por explicar, destacando-se desde logo, como prioritária e a mais importante, a questão seguinte:
- Quem avalia as agências de rating? Ou será que, para se obstarem a tal avaliação – que teria de ser feita umas pelas outras! – formam entre si uma espécie de “cartel” ou “complot” que as obriga a não se beliscarem mutuamente e a afinarem todas pelo mesmo diapasão - muito embora diferindo nas escalas, qual Richter e Mercali para os terramotos - que o mesmo é dizer, a só se pronunciarem contra quem lhes não pague bem - ou porque não queira ou porque não possa - os invisíveis e etéreos serviços que prestam àqueles que lhes darão anónima cobertura e imperscrutáveis privilégios creditícios.
Se assim não fora como teria sido possível o caso Bernard Manoff e, a contrario senso mas pelas mesmíssimas razões, qual o porquê de se mostrarem agora tão aguerridas e agressivas contra Portugal?
Esqueçamos as agências. Passemos a crise, que o mesmo é dizer, dobremos mais uma vez o Bojador . não sem termos tido o cuidado prévio de nos livrarmos de uns quantos abutres que criámos no nosso próprio ninho - e muito ouviremos um dia sobre as auto denominadas agências de rating, sobre os lubrificantes que usam e sobre qual o seu verdadeiro e original combustível e consumo…
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