Estranhamente são as pessoas que menos ou muito poucas razões teriam para me estarem reconhecidas que mais o estão e, inesperadamente, assim mo vêm demonstrando! Inversamente, aquelas que, em meu entender, alguma obrigação teriam em fazê-lo, são as que mais me votam ao esquecimento, alheando-se de mim, talvez até do que para elas represento, ou deveria representar, fazendo-me desde já antever o que ocorrerá com elas após a minha morte! E são negros presságios estes já que não é numa prateleira que me põem – como soi dizer-se – mas é mesmo dentro de um armário!...
Não é que a morte me assuste, não assusta. Tenho, quanto a ela, como já aqui há tempos confessei, alguma curiosidade até pois acredito em Deus e na vida numa outra dimensão, fora da temporalidade que, dia a dia e por mercê do "homo sapiens", nos esmaga e asfixia roubando-nos aquilo para que teremos sido criados e que seria toda a alegria de viver e bem-fazer além de toda uma imensa gratidão por estarmos vivos e poder sentir.
Na morte o que me atemoriza, confeso-o, é o sofrimento que possa ter de passar para a atingir e, se esta surgir de repente e sem aviso, o sofrimento que, por isso mesmo, sem que tenha havido tempo antes para a sempre necessária preparação, ela possa causar àqueles que, na verdade, me amam e que, por alguma forma, durante a vida – esta tão curta e simultâneamente tão longa vida!- sempre me manifestaram o seu carinho, o seu amor e a sua preocupação e que me irão certamente recordar com saudade não me deixando morrer nas suas memórias e nos seus corações pelo menos enquanto estes também baterem…
São reflexões deste tipo que hoje preenchem o meu quotidiano, sobretudo quando me vejo ao espelho, a barba cada dia mais branca, crescendo inexorávelmente e indiferente à disposição com que me encontro ou às vezes em que a faço, ou ainda quando, debruçado sobre esta janela mágica para o mundo que o meu computador e a internet me proporcionam, consulto o extracto da minha magra conta-reforma, sempre atento às necessárias despesas a que o simples acto de viver me obriga dentro deste turbilhão desvairado dos milhões que hoje devemos, ontem nos emprestaram e amanhã teremos de pagar, coisas de que os políticos de hoje tanto se entretêm em falar.
Sei que não vem a propósito mas penso, por isso, que para se ser político é necessário, em primeiro lugar, ser-se sado-masoquista pois só assim se comprenderá a sanha que todos têm de sofrer as agruras da governação, em segundo lugar, ser-se desempregado de longuíssima duração e, em terceiro e último lugar, ter-se perdido todo e qualquer sentido de humanidade e de Justiça com que Deus sempre nos dota no acto do nascimento - a consciência…
“Cogito ergu sum” ou melhor: “pensando vou vivendo”…
. Mais uma vez mão amiga me...
. Um tristíssimo exemplo de...
. A greve como arma polític...
. A crise, o Congresso do P...
. O jornalismo e a notícia ...
. Passos Coelho: A mentira ...
. Oásis
. Memórias