Perante o que diàriamente venho observando, interrogo-me sobre a questão de saber a quem mais aproveitará o sensacionalismo noticioso hoje permitido em Portugal - leia-se exageradamente permitido - apoiado que é por uma Justiça complacente, dir-se-ia mesmo que timorata e manifestamente inoperante e cuja inoperância vem sendo insistentemente aproveitada por quantos não vêem no que se passa a “sua” democracia – observe-se neste 25 de Abril o comportamento “birrento” de Mário Soares, do desertor-poeta Alegre e do redondo senhor presidente a quem o velho e desaparecido jornal “O Tempo”, pela sarcástica pena de Manuel de Portugal, apelidava então, com graça e oportunidade, de D. Lourençote da Melena e Pá e, no passado recentíssimo, a total impunidade das gravíssimas declarações de um dos auto-proclamados donos do País: - Otelo!
Mas a quem mais aproveitará este estado actual da própria Nação, aturdida que estará com o que se vem passando e sem conseguir vislumbrar o Norte constantemente apontado por outras tantas iluminadas cabeças que descobriram a mágica poção curativa mas que, aqui para nós, insitem em não a revelar a ninguém?!…
E é assim mesmo que neste velho país onde, pobre e alegremente, a grande maioria do Povo está saturado de índices, de gráficos, de análises e comentários, não obstante continue sem quaisquer indícios palpáveis de aculturação, se tem vivido uma muito jóvem e ainda muito pouco esclarecida e consolidada democracia – o tal mal menor de que falava Churchil nos Comuns – que eu sou levado a concluir que a quem mais interessará este estado de coisas, este desnorte mesclado do atávico pessimismo nacional será ao cada vez mais acentuado e irresponsável sensacionalismo de um pseudo jornalismo, arvorados que estão, alguns dos seus profissionais, em criteriosos relatores-cronistas desta comédia política que vivemos – creio que nos outros países algo de semelhante se passará – a quem mais aproveitará, dizia, será precisamente aos “media” do actual progresso - televisivo em primeiro e destacado lugar - que quanto mais aproxima as nações mais vem afastando os povos, retirando-lhes a identidade e proclamando uma fraternidade negocial onde sobressai um novo imperialismo consumista que só a poucos aproveitará e, dentre estes também, aos novéis politólogos que, enfaticamente nos lêm a sina, nos traçam perfis e, grosseiramente, nos esboçam o carácter analisando o presente e vaticinando o futuro!
Uma tristeza!...
Mas, como nem tudo é mau, eis que vai surgindo assim, diariamente e para muitos, a oportunidade de, sob o tal rótulo de jornalista, “noticiar”, com total impunidade e muito despautério, bem ao jeito de cada um, a notícia que vai tendo entre mãos e que muito raramente corresponde à verdade factual e se não destina a acalmar e a tranquilizar a opinião pública, antes e bem pelo contrário, a pretendendo desnortear, exaltar e mobilizar negativamente.
E assim é que eu, procurando informar-me, manter-me actualizado e acompanhar as pequenas “ditas” e “desditas” do Povo a que pertenço, beneficiando deste prodígio de técnica e modernidade que é a televisão e que os meus tempos de menino me recusaram, salto de “canal” em “canal” e, escorregando pela desentupida canalização de que vou dispondo, dou frequentemente comigo a ver os desenhos animados que são os que melhor me ilustram certas circunstâncias do quotidiano desta nossa vida nacional e tão gloriosamente democrática…
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