Apeteceu-me fazer este apontamento de hoje tendo por base um pequeno artigo que li no “Destak” de 15 de Junho enquanto aguardava a minha vez para fazer um ecocardiograma no Hospital daqui de Gaia.
E já que falo neste Hospital, num breve parêntesis que pouco ou nada terá com o teor do texto que motiva este post, sempre direi, o que é da mais elementar justiça e talvez até já tardasse, que se trata de um estabelecimento de saúde onde já fui intervencionado à vesícula, às cataratas e onde me socorri várias vezes do serviço de urgência por crises agudas de falta de ar, isto além de inúmeras consultas, exames e análises que, ao longo deste meu percurso - agora já de acentuada inclinação – que, nos últimos oito ou nove anos venho fazendo e que começou precisamente quando, a mando do famigerado MFA, - para quem não saiba: Movimento das Forças Armadas de 1974, essa sim uma verdadeira “associação de malfeitores” como na altura nos apodavam, a nós, que também eramos ou tinhamos sido militares, só que não da mesma cor - fui enclausurado durante oito meses sem que me houvesse sido formulada uma acusação formal, sem ser ouvido e muito menos julgado, período, como já aqui narrei um dia, durante o qual fumava sem cessar, numa média de quatro maços de cigarros “Porto” por dia, o que veio desencadear o enfisema pulmonar de que hoje padeço e que, agora, juntamente com outras coisas que, com a idade sempre vão aparecendo, tantas e tantas vezes me têm levado àquele Hospital cujos Serviços, a começar pelos dos mais conceituiados médicos, enfermeiros e técnicos e a terminar nos do mais humilde maqueiro ou auxiliar, aqui aproveito para enaltecer publicamente, já que não tenho, nunca tive e espero confiadamente nunca vir a ter, a mais pequena razão de queixa, tal vem sendo a forma correcta, interessada e, sobretudo, humana com que sempre fui tratado e vi tratar os pacientes que me rodeavam.
Mas voltemos à notícia que me deu o mote para este comentário e que, atentas a fase da vida por que passo e a conjuntura que o país atravessa, teve o condão de me irritar e, como soi dizer-se, de me pôr “fora de mim”.
Tratava-se de publicitar naquele jornal a forma “generosa”, “condescendente” e eu atrever-me-ia mesmo a classificar de “altruista” como a apresentadora da RTP Catarina Furtado (paga com as contribuições de todos os portugueses) aceitou - pacíficamente pelo que subentendo - uma redução de 20% no seu vencimento que era de trinta mil euros mensais e que terá passado a ser de “apenas” vinte e quatro mil! Tudo isto enquanto um senhor Hugo Andrade, até hoje completamente ignorado Director de Programas da RTP, se permitia destacar que Catarina Furtado representaria, em termos mediáticos, o mesmo que Cristiano Ronaldo!!!...
A insensatez é tão normal entre nós, portugueses, como o descaramento! E a notícia a que me refiro será do que afirmo exemplo acabado pelo que não deveria já surpreender-me.
Mas o que já me surprende e que estranho bastante é que um Governo que tanto vem proclamando a equidade e a justiça como os seus propósitos de governação, ao mesmo tempo que aperta o cinto dos portugueses, levando milhares ao desespero de não ter um emprego, à miséria e à fome pelo respeito – diria que quase subserviente - devido à “sacrossanta” economia ditada pela “troyka” e pela senhora Merkel, consinta uma situação destas! Isto, sim, isto já será de estranhar.
Equiparar Catarina Furtado a Cristiano Ronaldo é algo que não passaria pela cabeça de ninguém pois, para além das notáveis diferenças morfológicas que cada qual possue - e que qualquer um de nós enxergará sem dificuldade de maior - são igualmente marcantes os caminhos que cada qual vem trilhando nesta vida de conseguido triunfo:
- Ronaldo, uma pobre criança madeirense que, pela força de vontade, perseverança, tenacidade e constantes esforços físicos e psíquicos - a despeito dos devaneios pouco ecomendáveis a que se tem dedicado e serão do conhecimento público - vem pugnando pelo êxito, numa profissão de desgaste rapidíssimo, talvez mereça, e mereça bem, o que hoje tem e aufere apenas porque o que ganha, sendo o resultado do seu esforço pessoal, sai “voluntáriamente” dos bolsos dos “doentes da bola”!
- Catarina, bem pelo contrário, é paga pelo erário público e apenas porque Deus lhe deu um palminho de cara, um modo de ser atrevido e a sorte de ter como pai o homem, hoje provavelmente influente e que “heroicamente” anunciou na rádio, onde era locutor, a revolução de Abril conhecida que seria a sua afinidade política com a parte mais camuflada dos revoltosos: o partido comunista.
Catarina terá tido, assim, a sorte de ter um presente, e, por certo, um futuro que talvez não mereça mas que, se calhar e vistas bem as coisas pelo prisma da actualidade, se ficará a dever, mais do que a si mesma, ao apelido herda: - Furtado.
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