Se o País, hoje sem autonomia porque viveu à tripa forra os anos da abastança em que os euros vindos do “demo” (etimologia de democracia) – dessa Europa que nunca nos deu nada e só nos expoliou (como tentou Napoleão) e se serviu da nossa mão de obra oriunda dos “bidon-ville” – mas em que esses mesmos euros entravam aos milhões pela casa dentro ( e nos bolsos dos outros, dos “amis do Miterrand” e correligionários, isto porque para os meus nem um chavo entrou)...
Se um País que assim se governou se vê mais tarde forçado a pagar bem caro os anos de luxúria e passa a viver agora à sombra das concessões que a agiotagem da comunidade europeia benévola e extraordinariamente lhe concede...
Se, como contrapartida de tão generosas concessões, ao País – envergonhado mas através do seu Governo legítimo - só lhe restou estender a mão à caridade e comprometendo-se a cumprir as draconianas condições que lhe foram impostas (quem falar em negociadas deve estar louco!) – arrisca em sacrificar o seu Povo e apenas lhe pede que, em memória do passado, saiba honrar os seus vindouros...
Se, feito por um Governo legítimo e aprovado por uma maioria parlamentar, um orçamento austero que visava apenas e tão somente colmatar os desmandos da tropa fandanga que o antecedeu ( e que, com a maior audácia e desfaçatez se propõe agora regressar – já vimos por aí um dos figurões - o propõe aos credores e estes aceitam, ainda que receosos e sujeitando-o a inspecções frequentes e aviltantes para se assegurarem apenas do seu cumprimento, todo o conjunto de medidas destinadas ao ressarcimento da dívida descomunal que contraímos..
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Se as medidas contidas nesse orçamento são efectivamente dolorosas para o Povo – menos, no entanto, do que o racionamento já vivido noutras épocas e que, a despeito de ter sido sofrido, o Povo soube ultrapassar com dignidade e honra...
Se as medidas contidas nesse orçamento, não obstante aprovadas pelo único órgão com autoridade jurídica e política capaz de o fazer - a Assembleia da República e o Presidente que o promulga para que valha como lei - faz com que os nossos credores apoiem as metas e os meios de gestão económica que nele se continham...
Mas se por via de uma aberração constitucional nascida em 76 – o Tribunal Constitucional e que de há muito deveria ter sido banido do nosso texto fundamental – tal orçamento deixa, de um momento para o outro, de ter validade e lhe é desferido um golpe tal que quase o inviabiliza...
Se essa aberração detem – porque lhe é consentido – o poder de se sobrepor à Assembleia e ao Presidente fazendo com que ambos estes orgãos nada valham e para nada sirvam... e com treze cidadãos apenas faça prevalecer uma vontade em tudo contrária aos verdadeiros interesses nacionais e que só aproveitarão àqueles que, sem qualquer esperança, continuam porfiadamente a fazer de conta que concorrem a eleições... (apenas para, como deputados, que alguns sempre o vão conseguindo ser, poderem garantir chorudas e imerecidas reformas de fim de mandato...
Se num País já bem conhecido pela prolixa e confusa legislação que desde sempre criou, mais confusão se vem criar ainda e com esse órgão que detém o poder de dar o dito por não dito e nos meter numa embrulhada maior ainda do que aquela que julgávamos estar a sair...
Se é isto que é o meu País onde se não honra a memória dos que por ele fizeram o supremo sacrifício de dar a sua vida... quero-me ir embora.
Quero-me ir embora e, com a maior das mágoas no meu velho coração, renego o meu País.
Oxalá tivesse nascido num recôndito lugar da amazónia onde a civilização ainda não tenha chegado mas onde cada homem, na hora de morrer, possa dizer que afinal viveu!
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