Ao fim de algum tempo sem coragem para escrever o que quer que fosse, a quem quer que seja e sobre qualquer assunto, mesmo aqueles que, de algum modo, me poderiam trazer algum proveito, retomo hoje esta minha inconformada e impertinente veia literária para referir, ainda que telegraficamente, o que me vai na alma perante alguns dos mais relevantes acontecimentos recentes que me permitirei ordenar por ordem decrescente tendo em conta o modo como feriram ou, talvez melhor, como beliscaram a minha sensibilidade.
Assim e em primeiro lugar, registarei a abissal diferença de atitudes, diria mesmo de básica educação, exuberantemente demonstrada pelos Presidentes da República Portuguesa e da República Checa por ocasião do seu último encontro, na recentíssima visita oficial do primeiro ao histórico e heróico país do segundo.
Na realidade, enquanto o Presidente da República Checa, ao arrepio das mais elementares regras de educação, para não referir já as de protocolo e consuetudinariamente consagradas em diplomacia, se permitiu comentar e criticar, directamente, em público, perante o nosso Presidente e a comunicação social, a dificílima situação económico-financeira em que a crise e a longa governação socrática colocou o nosso País, usando de uma liberdade que circunstância alguma lhe permitiria ter usado para criticar de um modo algo jocoso e, por isso mesmo, bastante rude e contundente o nosso deficit de 8% quando em comparação com o do seu País, de apenas uns alegados 5%, o Presidente Cavaco Silva, mais uma vez demonstrando ser o Senhor a que já de há muito nos habituou, cumpriu o protocolo, respondendo como Presidente, tal como no momento enfatizou, intencionalmente ignorando o mal intencionado remoque de um pretensioso catedrático de economia e de um mal-educado cidadão checo.
Recordo-me, do pouco que sei de história, que, por muito menos e por muitas vezes, se cortaram as relações diplomáticas entre os países e guerras de ajuste de contas terão mesmo eclodido! Felizmente que vivemos no século XXI e temos um verdadeiro Presidente da República.
Em segundo lugar, ocorre-me referir que, em plena era de progresso científico e de ganância económica, ou economicista, como queiram, de prosperidade para alguns, como adiante irei referir, a mãe natureza como se lhe referiu o nosso Presidente se encarregou de fazer uma demonstração exuberante e prática de quão efémeras são as decisões e as vaidades humanas, literalmente reduzidas a pó e a cinzas, quando confrontadas com o seu, esse sim, esse autêntico, permanente e não efémero, poderio.
Refiro-me aos milhares de inocentes, vítimas das catástrofe mais recentes, como a que ocorreu na nossa querida ilha da Madeira e dos sucessivos terramotos que têm sucedido e cujo máximo expoente terá sido o do Haiti, bem como às recentíssimas erupções vulcânicas ocorridas na Islândia e que quase paralisaram a Europa bem-falante e de prósperas negociatas, ocupada em criar uma elite de pequenos monstros que, qual autómatos, tecnocratas isentos de alma e coração e, o que será bem pior, de carácter, em termos de mera solidariedade humana, se preocupam apenas em alcançar e ultrapassar os chamados objectivos de gestão fixados em assembleias de gananciosos, a que também é costume chamar de accionistas e, por via disso, se arrogam no direito de arrecadarem, só para si, os milhões que tanta falta fazem a milhares dos seus concidadãos, pertencentes a um Estado super-endividado e que pretensamente os orienta e governa cada vez mais num clima de miséria, que também é o seu, escandalosamente se esquecendo de que, se tais objectivos alcançaram, foi com o árduo trabalho daqueles que, no terreno - que não à secretária e em luxuosos gabinetes, com ar condicionado, e servidos por cérebros que, trabalhando por si, são pagos a peso de ouro e a que chamam assessores foi com o árduo trabalho daqueles, dizíamos, que, no terreno labutaram, corporizando as suas ordens e que, exaustos e ao fim do dia, se foram contentando com as aguadas sopas que comeram depois de as repartirem com as suas mulheres e os seus filhos!
Para classificar tais comportamentos só encontro estas palavras: - vergonha e vergonhosos!
Finalmente, e como terceiro comentário de hoje, o único com o que talvez me alegre: - acabo de ler uma notícia, veiculada por esta Internet, de que também me vou servindo, sobre um célebre economista americano que terá vaticinado para Portugal, assim como para a Grécia e, quiçá, para outros bem aventurados povos que nos acompanhem no adeus a esta loucura europeísta tacho de alguns e má fortuna para milhões com a providencial saída do euro que, de fracasso em fracasso, porque tendencialmente contra-natura, acabará por ceder à única economia ocidental que, desde sempre, se bem que com os defeitos decorrentes da sua própria juventude em termos históricos de homens e de nações, logrou impor-se: - o dólar e os Estados Unidos da América à qual nos unimos pelo Atlântico que nunca deveríamos ter trocado por uns Pirinéus para além dos quais sempre se escondeu o ardil e a traição
. Mais uma vez mão amiga me...
. Um tristíssimo exemplo de...
. A greve como arma polític...
. A crise, o Congresso do P...
. O jornalismo e a notícia ...
. Passos Coelho: A mentira ...
. Oásis
. Memórias