Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2006
- O Povo é sereno e sábio - não precisa de políticos para saber o que quer. À falta de melhor, foi este o título que dei às breves reflexões que aqui me proponho fazer sobre este desfecho das presidenciais.
- O País, como um organismo vivo, tem uma esquerda e uma direita. E mal irá a sua saúde se a esquerda ignora, afronta ou ofende a direita, como agora aconteceu! Daí as intervenções cirúrgicas que hoje operam milagres!
- A esquerda, quer se queira, quer não, foi, e é, repetitiva, enfadonha, monocórdica e vazia. À míngua de ideias novas insulta e ataca, como agora insultou e atacou, pretendendo enxovalhar quem está muito acima de tais métodos. O Povo ouviu, entendeu, apreciou e não gostou.
- Governar um País é tudo menos ter um comportamento como o do actual primeiro-ministro de quem nunca ninguém saberá o que terá a esperar. Veja-se: - prometeu não aumentar os impostos e aumentou-os. Defende-se dizendo que ignorava o estado de país, o que não colhe pois, se o ignorava, não reunia as condições mínimas para se ter candidatado foi um salto no escuro, uma aventura como aquelas a que parece ser muito dado. Mas há mais: - o Eng. Sócrates convidou para candidato à presidência o deputado Manuel Alegre neste o Povo acreditou. Porém, mais tarde, dando o dito por não dito, aceitou a pressão de Dom Mário e apoiou um homem caduco, birrento e pré-senil e de que o país, como se viu, já estava já cansado e farto. No verão passado, como também já neste Inverno, o primeiro-ministro deu aos portugueses uma verdadeira lição de solidariedade ao demonstrar que, para si, o Povo só serve para o servir. No verão passado não se queria que fosse apagar fogos, não senhor. Queria-se apenas que estivesse no seu lugar e não no Quénia, gozando safaris, que permanecesse no seu posto e assumisse a única atitude que se imporia ao primeiro-ministro quando o povo gemia, morria e tudo via ser-lhe destruído pelas chamas do enorme braseiro em que o País se transformou! Ultimamente, depois de encher os ouvidos dos portugueses de noções de tecnologias e economia balofa e poeirenta, fazendo-os apertar o cinto ao cercear-lhes os proventos e tirando-lhes legítimas expectativas de vida, fazendo-os sofrer no Natal como há muito não sofreriam, ele, solidário e compungido, passeava-se e esquiava na Suiça quando nem a portuguesíssima Serra da Estrela lhe teria sido deontologicamente consentida! E os portugueses só souberam desta sua demonstração de solidariedade para com os que nem Natal tiveram porque uma queda lhe provocou uma qualquer lesão numa perna e, heróico, se apresentou em público de muletas! Se assim não fora, todos nós seríamos capazes de pensar que passara o Natal no seu gabinete de trabalho, de lápis na mão, a fazer contas e a tentar desencantar a forma de inverter a situação calamitosa a que deixou chegar o país!
- Cavaco Silva é o novo presidente da república. É homem sério, é homem digno, é homem em quem o povo acredita. Cavaco Silva não diz baboseiras como o gasto Mário Soares ou o estafadíssimo Louçã. Cavaco Silva age, actua, como sempre o fez depois de ponderar cuidadosamente as consequências das suas atitudes. Não faz malabarismos nem diz mentiras. É frontal e é justo. Não acolhe trapaças nem dá guarida a trapaceiros. Sabe exactamente quais são as suas competências e sabe que estas vão desde uma convivência sã e cordata até a uma guerra institucional da qual nunca sairá perdedor.
- Como naqueles passatempos desenhados: - vá, leitor, descubra as diferenças!
- Esquecia-me de referir a magnífica lição de educação que o Eng. Sócrates deu ontem ao interromper o discurso do candidato Manuel Alegre televisionando-se a si e ás suas curiosíssimas conclusões...
- É urgente que o PS faça o seu congresso e substitua Sócrates por Alegre. Teremos um PS mais aguerrido, mais coerente e, sobretudo, mais sério e acreditado. O PS que faz falta para alegrar a malta...
Segunda-feira, 9 de Janeiro de 2006
GNR: um dos militares atingidos tem bala alojada na coluna
Dizem-me que sou saudosista e, por intencional extrapolação de alguns, que serei até reaccionário. Se quiserem e disso fizerem muita questão (os que pretensamente assim me agridem) sê-lo-ei, uma e outra coisa!
Desde menino que fui ensinado e pensar e a ser livre. Tradição familiar, que sempre o foi. Paguei já por isso, e repetidamente, tanto na antiga como nesta nova Era. Continuo a pagá-lo ao ler notícias como esta!
Enverguei um uniforme e creio que o soube dignificar, como o atestam algumas palavras de elogio que me foram dirigidas, dentre várias, as do saudoso Marechal António de Spínola, com quem tive a honra de servir e de privar de perto.
Como agente da autoridade, na GNR, tive de enfrentar algumas situações delicadas. De risco mesmo. Tais situações sempre existiram e sempre existirão. Só que nesses tempos, que recordo, sem as amplas liberdades que tão proclamadas são, havia trabalho, emprego e a segurança dos cidadãos existia. Isto era um facto. A lei era obedecida e a autoridade respeitada. Do Minho ao Algarve o país tinha fronteiras e não era qualquer facínora internacional que aqui entrava facilmente para roubar e matar com quase garantida impunidade e os nacionais, que sempre os houve, sabiam que a Autoridade era lesta e a Justiça tinha a mão pesada pelo que a pouco se atreviam. Cometeram-se excessos, e agora? Já não se cometem?
A publicidade fazia-se à farinha Amparo e à pasta dos dentes, ao detergente da louça e ao sabonete de maior suavidade e de mais fino aroma. Hoje a publicidade faz-se aos assaltos, aos assassinatos, às violações e aos atentados.
Assim como houve um Nero, um Napoleão, um Cromwell, um Hitler e um Stalin, entre muitos, hoje existe um Sadam, um Fidel e um Bush, para apenas referir alguns. Nas meias águas, ou nas meias tintas, não sendo nem carne nem peixe, ficarão muitos
a maior parte!
Pousámos na lua mas vivemos nela. Cultivamos a utopia como religião da liberdade. Choramos os mortos quando morrem e não choramos os vivos que morrerão em breve. A par dos santos, hoje veneramos a economia e a ela vamos sacrificando a nossa existência. À sua sombra proliferam injustiças e criam-se situações da mais flagrante violação de todos e quaisquer princípios de equidade social e moral. A competitividade passou a ser a lei a que devemos todos obediência. A irracionalidade impera. A ciência avança, ciclópica, e tudo ameaça converter e subverter em prol do que afirma serem os novos valores. A tecnologia avança e rouba postos de trabalho. O pai ignora o filho e o filho despreza o pai.
Que bom viver em liberdade!... Recordo, talvez a propósito, aquela pergunta tão pura, tão ingénua e sã que alguém, cansado de sofrer, terá formulado um dia, algures na antiga África portuguesa: - "Patrãozinho
quando é que acaba a independência?"