Sábado, 29 de Julho de 2006

Memórias de outro subconsciente

Não o vi mas certamente que o terei sabido no exacto instante em que ocorria. Encontrava-me então num sítio onde tudo se sente, tudo se sabe e tudo se pode predizer sem que se possa obstar ao que quer que seja mesmo que se queira. O meu subconsciente não o recorda, não obstante esteja certo de que o terá vivido e sofrido, como disse, naquele exacto momento em que ocorria.

Mas só agora, há pouco, me foi lembrado. Soube-o por ela, essa misteriosa “lady” que de mim, naquele porto nevoento e húmido, se despediu e que me disse recordar-se bem de quanto se passara naquele botequim, o que antes narrei.

Contou-me que estava um dia triste, pardacento e frio, igual a tantos outros dias de Inverno no norte das ilhas. A mágoa que sentia pela ausência do seu marinheiro e a que tanto lhe custava habituar-se, toldava-lhe o olhar, tornando baços e como que vidrados os seus olhos lindos. Procurava apressar o tempo com as frequentes idas à falésia, alta e a pique sobre o mar e donde sabia poder avistar as velas brancas que, um dia, muito em breve, enfunadas, lhe trariam aquele que partira. Por lá se quedava, horas a fio, olhando e pensando, pensando e sonhando, sonhos tão imensos como aquele mar sem fim e que duravam até que o sol nele mergulhasse anunciando-lhe mais uma noite sem murmúrios, sem beijos nem carícias! Mas nesse dia, porém, tudo fora diferente…

Havia já várias semanas que partira e próximo julgaria estar o dia do regresso não fora a notícia que seu pai lhe dera e vinha no jornal que tinha consigo: - o galeão fora apanhado pela tempestade ao quinto dia de viagem e naufragara! Nem um só sobrevivente fora encontrado durante as buscas que tinham sido feitas logo que o desastre se tornara conhecido. E o seu nome, como imediato do navio, figurava, logo a seguir ao do comandante, na lista daqueles que em breve voltariam, não pelo seu pé mas sim para serem sepultados na terra em que nasceram.

Enlouquecida, voltara à falésia na vã esperança de divisar as velas e de acordar, assim, daquele terrível pesadelo. Baldada intenção, baldado gesto! Não só era impossível como nem o horizonte se divisava então pois a neblina surda que cobria as ondas não deixava que os seus olhos o pudessem alcançar sequer…

E em baixo, ao fundo, enraivecido e espumando sobre as rochas bicudas que a maré vazante descobrira, o mar como que a convidava a fazer-lhe uma visita garantindo-lhe a passagem para junto daquele cujo regresso aguardava há tanto! Não hesitou na aceitação desse convite e, voando, leve, na sua saia preta e blusa branca, longos cabelos esvoaçando ao vento forte que soprava, olhos cheios de lágrimas mais salgadas do que o próprio mar, coração parado mas que ainda batia, aceitou o convite que o mar lhe fazia e partiu ao seu encontro…

Tal como eu, também ela depois, surpreendida, se deve ter reconhecido no frágil farrapo humano que jazia entre as rochas que o mar cobria e descobria. Não que mo dissesse, mas sei que foi assim. Recolhida a muito custo por todo o povo que lá se deslocou, foi a enterrar primeiro do que o seu marinheiro que tardou um dia mais no seu regresso a casa.

Conheço a “milady” desde sempre e sei que chegámos ambos ao fim das nossas caminhadas. Resta-nos mais uma breve passagem neste mundo – esta - buscando a seguir a eternidade prometida como sonho merecido, sofrido e de há muito acalentado.

A sua condição física de hoje, tal como a minha, é débil, reflectindo, talvez, esta e outras vidas do passado. Grande, enorme, é, porém, a fé e a vontade de tudo superar para vencer esta que sabemos ser a nossa derradeira provação…
publicado por Júlio Moreno às 21:51
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Memórias do subconsciente

Hoje apeteceu-me divagar e vir vogar aqui como num barco; à deriva, sem rumo nem leme, ao sabor das ondas e do imprevisto.

Já sei que ideias loucas me assaltarão, que serão bem poucas as que terão proveito sendo este, talvez. o de levar o raciocínio e a memória a fazerem algum exercício matinal!

Recordo, a propósito de barco e de solidão no mar – eu, que sei ter sido marinheiro – o horror profundo, inenarrável, que sempre sinto ao ver águas paradas, escuras, imperscrutáveis… que me transmitem tão forte sensação de abismo em contraste com as águas mexidas, irrequietas, ondulantes, quase trepidantes, da mareta marítima fora do porto e durante a tarde, reflectindo o dourado do sol na pouca espuma e nos sucessivos espelhados que vai fazendo e tornam sempre alegre e brincalhão o meu espírito.

Procurando ir ao fundo de mim mesmo, ao subconsciente do meu inconsciente - um disparate! dirá o psicólogo, e eu concordo - sinto que vejo - outra asneira, dirá ele, embora aqui eu já não concorde tanto! - um grosso casacão vestido, tipo capote cinza azulado, impregnado de sal e do calor de dardejantes sois que o desbotaram, e que envergava no momento em que, na neblina de um porto antigo, há alguns séculos e em altas latitudes, me separava da formosa e misteriosa “lady” que, de mim, viera despedir-se porque eu partia.

Recordo-a e, fechando os olhos, vejo-a agora nítida e viva, aqui, na minha frente: - chapéu com véu, que só a outros escondia o rosto, esbelta e esguia, comprido vestido de veludo escuro, cor de sangue arroxeado, e cuja saia, com a natural elegância da frágil e enluvada mão, sobressaindo do punho rendado, levantava um pouco ao subir, olhando-me, para o estribo da negra carruagem que a esperava…

Por largo tempo estivera comigo naquele botequim do porto, conversando sem que nos déssemos conta nem do tempo nem do movimento constante ao nosso lado e do vozear troante ou estridente dos homens e mulheres que ali estavam, entravam ou saíam…

Separámo-nos sem que nenhum de nós soubesse por quanto tempo é que seria...

Ia alta a quarta ou quinta noite quando a tempestade estalou. As vagas alterosas rebentavam com estrondo pela amura e, galgando o convés de bordo, varriam-no de lés a lés com inusitada força. A popa do barco já não deixava esteira fosforescente que se visse, apagada que era logo pelo mar enfurecido. Velas rizadas, com pano só de tempo e bujarrona, esforçávamo-nos, eu e o timoneiro, por manter o barco à capa e obrigar a proa a cindir as vagas que nos iam atingindo com fragor. Na ponte, nós; à manobra poucos. O mar acalmara a sotavento mercê do óleo que havia sido derramado, segundo as práticas correntes por ocasião de tempestades.

Subitamente as rochas, negras e brilhando à luz de uma lua cheia fugidia, surgiram a estibordo! Uma leve pancada no casco já nos alertara mas nada pudéramos fazer que evitasse o naufrágio. A essa primeira muitas mais e terríveis, estrondosas, medonhas, como o mar, se sucederem… O ventre do navio desfazia-se. A carga era-nos devolvida pelas ondas que a tinham já levado. O barco adornara sobre os rochedos e, prisioneiro deles, lentamente, ia sendo destruído…

Ia alto o sol quando me vi. Jazia ali, como os demais. Corpos dispersos no areal pejado de destroços… Aves marinhas, de bicos aduncos, voavam já, em bandos, sobre nós… Tentei afastá-las mas não tinha braços, nem pernas, nem corpo com que pudesse fazê-lo. Compreendi, então, que eu não estava ali e que o que ali estava, jazendo na areia, capote cinzento azulado, cheio de rasgões, às tiras, não era eu, era o meu corpo!

O mar que eu sempre amara e amo, voltara então. Era agora alegre, brincalhão, azul luzente…
publicado por Júlio Moreno às 13:55
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Quinta-feira, 27 de Julho de 2006

Faça-se uma transfusão…

Começo a pensar que a guerra do médio oriente, a que, candidamente, políticos e analistas apelidam de “crise”, não mais terá fim. E não terá fim por variadíssimas e distintíssimas razões das quais, aqui, me permitirei apenas enunciar algumas sem me atrever a preconizar uma solução que não passe obrigatoriamente por uma “transfusão”. Passo a explicar-me:.

A história do médio oriente actual começou aquando da “atribuição-distribuição” dos “terrenos para construção” feita ao abrigo de um “plano director”elaborado e aprovado apenas pelos grandes vencedores da segunda guerra mundial. Sem que se consiga ainda descortinar bem porquê, - pois o espaço era grande embora desértico na sua maior parte - todos receberam o seu palmo de terra e “alvarᔠà excepção dos palestinianos e dos curdos que, ainda hoje, buscam o sítio onde edificar a sua casa.

A uns e a outros move a hereditária e secular teimosia de quererem ocupar espaços ocupados - a velha questão de saber-se quem serão os donos das terras!

Sem argumentos e porque as suas vozes, literalmente, bradavam no deserto, vêm recorrendo regularmente à violência que, muito embora com períodos de acalmia nos intervalos das erupções, nunca deixou verdadeiramente de existir. Esta a causa remota, ou aquilo a que chamarei a grande causa.

Agora as causas próximas.

A mais evidente, suponho, será a que se relaciona com o consumismo da vida moderna que requer o petróleo daquela zona como seu suporte essencial.

Todavia a necessidade de manter operativa e rentável uma indústria de que quase nunca se fala, - refiro-me à indústria de armamento, que alimenta uns largos milhões de pessoas (e votantes) entre investigadores, produtores, distribuidores e intermediários, publicitários, vendedores e pessoal de “marketing”, armazenistas, retalhistas e traficantes -, e de proceder, regularmente, à actualização e consolidação dos seus “stocks” (não vão algumas bombas ou mísseis ultrapassar o prazo de validade após o que já ninguém os quererá!) - será também causa, e bem determinante, da eclosão, um pouco por todo o lado, mas de preferência longe dos civilizados centros de produção, dos conflitos a que ciclicamente vamos assistindo por entre inflamados discursos de condenação, surtos de viagens e reuniões políticas e vagas de recolhas de donativos e outras artes de “dolce fare niente”

Vejo a guerra de hoje, a táctica dos líderes islâmicos envolvidos e o seu fundamentalismo como como vejo um vírus maligno que, insidiosamente, logre penetrar num desprotegido organismo vivo (leia-se, como opção para organismo vivo, os desgraçados, ignorantes, paupérrimos e facilmente fanatizáveis povos muçulmanos), aí formando pequenos grupos de células nocivas que, reproduzindo-se, neutralizando as células saudáveis ou com elas por tal forma se misturando, a breve trecho não permitam a sua diferenciação de forma a poder aplicar-se o antídoto eficaz que não destrua, ao actuar, umas e outras.

O Hezbollah pertencerá a este grupo. Tendo encontrado, instável mas saudável, o Líbano, por tal forma, insidiosa e paciente, elaborou a sua táctica e soube infiltrar-se e mesclar-se com os seus naturais, que hoje se torna impossível, para Israel, distinguir os bons dos maus, isto é, quem o ataca e não ataca, pelo que este, ao defender-se, não pode mais saber se mata culpados ou inocentes. Israel prossegue a sua necessária e desesperada luta pela sobrevivência como Estado seguindo a velha máxima de que a melhor defesa reside no ataque; por isso ataca o território libanês e, consequentemente, o Líbano. Os “hezbollahs” acreditando nas inquestionáveis virtudes e méritos da sua luta, vão-se defendendo como podem e lançando os mísseis que lhes "emprestaram" sobre uma terra que querem seja sua. Uns e outros matam e morrem enquanto que, em civilizadas reuniões, no conforto de cómodas poltronas, fumando, bebendo e tossicando para enfatizar discursos, os seus “empresários” analisam as estratégias a aplicar na luta e avaliam os próximos valores bolsistas…

Com o sangue assim tão contaminado, a solução residirá – penso eu - em procurar sangue ainda puro e fazer-se uma transfusão. Mas - e já agora - se este tipo de transfusões colectivas se mostrar viável porque não fazê-las não só aos “operários” mas também aos “patrões” não só desta mas também de outras regiões do globo?
publicado por Júlio Moreno às 13:02
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Domingo, 23 de Julho de 2006

Cuidado com a dependência…

É dado adquirido que o homem moderno já não saberá viver sem o seu carro, sem o seu computador portátil e sem o seu telemóvel. A muito curto prazo virá também o GPS e depois… bom, será caso para dizer que depois, venha o diabo e escolha tais e tão numerosas são já as grilhetas que estão prendendo milhões a meia dúzia – de homens, entenda-se.

Vem este arrazoado a propósito do que ontem me sucedeu! Por qualquer razão que desconheço – mas cujas causas foram objecto das minhas mais tortuosas e maquiavélicas lucubrações e deduções! – não pude contactar com determinada pessoa, amiga do coração, o que faço diária e regularmente através da Internet e de um programa de mensagens instantâneas que nela corre e se apoia.

Querem acreditar que o que senti foi muito mais do que a sensação, sempre frustrante e desagradável, de sermos contrariados ou impedidos, sem causa plausível, de fazer o que pretendemos? Na realidade foi muito mais do que isso o que senti. Foi mesmo um mal-estar físico, como que síndrome de abstinência de qualquer droga.

Ignorante das causas e ciente de que, mesmo que as conhecesse, sendo estas técnicas – como acontece quando os malditos vírus nos atacam! – me seria completamente impossível superá-las, pois não tenho conhecimentos que tal me permitam, dei comigo, furioso, a imaginar que bem poderia tratar-se de qualquer ingerência táctico-estratégica dos “senhores da guerra” num campo que se me afigura extremamente propenso a uma utilização maligna por parte de eventuais beligerantes e, neste momento, convirá não o esquecer, há mais uma guerra em curso.

Pensei numa infinidade de hipóteses, sem solução visível e viável e esta foi apenas mais uma. Resignado, e fisicamente mal disposto, desisti e procurei adormecer o que só muito a custo consegui.

Mas estava-me afastando do propósito inicial e determinante destas linhas: - a dependência e o cuidado que necessitaremos de ter para conseguirmos uma certa independência relativamente aos “vícios” das sociedades modernas e de consumo e a Internet é, seguramente, um deles.

Imagino que, incentivada como o está sendo pelo próprio governo, em particular pelo nosso primeiro-e-único-ministro no seu desvario tecnológico, a informática, designadamente a Internet, inebria e intoxica a sociedade colocando-a à mercê dos empórios tecnológicos e da energia ao mesmo tempo que, capciosamente, vão privando o homem dos postos de trabalho que a proclamada e pretendida inovação não supera e desmotivando-o de aprender outra coisa que não seja um raciocínio de mera relação casuística, ritual quase “pavloviano”, pois tudo o resto ficará visível e sem mais esforço no pequeno monitor dos nossos computadores.

Porém, subitamente, o “vírus” ataca; a Internet “cai” ou o binómio provedor-consumidor altera-se – as variações ascentes do preço do petróleo estão na moda por obra e graça de “Mr. Bush&Companhia” – e o internauta não pode mais satisfazer a sua “necessidade”, criada que foi pelo facilitismo consumista, incentivo estatal e “ignorância” pública!

Que fazer? Será que o Estado providenciará “salas de Internet assistida” nestes casos?
publicado por Júlio Moreno às 20:03
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Sexta-feira, 21 de Julho de 2006

...

is she sleeping-GUERRA.jpg
TERCEIRA FOTO...

HÁ ROSTOS POR DE TRÁS DESTAS FOTOS... HÁ RESPONSÁVEIS... HÁ ASSASSINOS DISFARÇADOS DE GOVERNANTES E DE LÍDERES ESPIRITUAIS DOS POVOS...

É PRECISO ACUSAR, ACUSAR, ACUSAR... NÃO PARAR DE ACUSAR. GRITAR A IGNOMÍNIA FEITA A TODA A HUMANIDADE!...
publicado por Júlio Moreno às 22:30
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...

ya baby-GUERRA.jpg
SEGUNDA FOTO...
publicado por Júlio Moreno às 22:21
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...

habibi-guerra.jpg
Dear friends and colleagues ,
> > You will all have to excuse me for sending this. It's
> > pictures of the bodies of babies killed by the israelis in
> > South lebanon. They are all burnt. I need your help. I am
> > almost certain these pictures won't be published in the
> > West, although they are associated press pictures. I need
> > your help exposing them if you can. The problem is these
> > are people who were asked to leave their village , Ter
> > Hafra , this morning , within two hours , or else. .....
> > So those who were able to flee went to the closer UN base
> > where they were asked to leave. I think that after the
> > Qana massacres in 1996 when civilians were bombed after
> > they took chelter in UN headquarters , the UN does not
> > want to be responssible for the lives of civilians.A FEW
> > MINUTES AGO , the Israeli asked the people of Al Bustan
> > village in the south to evacuate their homes. I am afraid
> > massacares will keep happening as long as Israeli actions
> > are uncheked.
> >
> > Please help us if you can

ESTE APELO É O DE UMA JORNALISTA LIBANESA QUE ENVIOU IGUALMENTE AS FOTOS QUE AQUI COLOCAREI.

ACONTECEU HOJE, 21 DE JULHO DE 2006, PELA MANHÃ. ESTA É A PRIMEIRA FOTO:

- A IMAGEM DE UMA CRIANÇA "ASSASSINADA" POR UM MÍSSIL CAÍDO SOBRE O CARRO EM QUE SEGUIA, FUGINDO... DONDE VEIO O MÍSSIL? DE ISRAEL? DO HEZEBOLLAH? ACHAM QUE IMPORTA?

É IMPERIOSO DENUNCIAR ESTES CRIMINOSOS A DEUS, SEJA A JESUS SEJA A ALÁ. O IMPORTANTE É DENUNCIA-LOS E DIZER: - ACUSO, EU QUE NADA MAIS POSSO FAZER, ACUSO E ACUSAREI SEMPRE QUEM OUSE TOCAR NUM SÓ CABELO QUE SEJA DE UMA CRIANÇA!...
publicado por Júlio Moreno às 20:47
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Amigos

Tanto se fala e ouve falar de amigos que eu também me resolvi a falar deles mas para me colocar dúvidas e perguntas que de há muito me perseguem.

Amigos? Como se reconhecem? Deveremos ou não classificá-los e catalogá-los tratando a cada um como julgamos que o mereça? Seremos capazes disso? Poderemos ser isentos? Imparciais? E depois? Que fazer após as conclusões? Restará alguém que valha a pena designar como "amigo" se formos demasiado exigentes nos nossos critérios de avaliação? Aqueles que nos acompanham e ruidosamente se mostram entusiasmados com cada gracinha ou tolice que fazemos, que nos entediam com a sua bajulação constante, serão amigos esses? Seremos capazes de os tratar com justiça – a justiça que mereçam - depois de os havermos reconhecido e catalogado? Onde caberá o despeito em todo este processo? E a mera e tão humana simpatia? Valerá a pena? E que fazer depois com as desilusões que poderão chegar?

Devo reconhecer que nunca fui grande fazedor de amigos. Não busquei amizades mas senti algumas, num e noutro sentido, mas nunca incentivei aquelas que sentia aproximarem-se. Eram livres de vir e ficar ou de vir e voltar. Olhando hoje à minha volta e para os vários círculos de relações pessoais de que eu seja o centro, começando pelo da família, passando por colegas de escola e profissão e terminando com toda a gente que conheci e conheço, vejo poucos, muito poucos mesmo…

Era menino e, na escola, julguei ter dois amigos: o Fernando e o Joaquim. A ambos tratava de igual modo e de ambos me distanciei de há muito. O Joaquim, acertou-me em cheio com uma pedrada na cabeça. Vi-o mais umas vezes, na escola. Depois desapareceu e nunca mais o vi… O Fernando, foi visitar-me vinte anos depois. Estacionou aquele pesadíssimo camião de transporte de batata mesmo em frente de minha casa. Tinha tido sorte na vida. O camião era dele. Veio para me dar um abraço…

Talvez tenha sido enquanto militar que mais amigos senti. No risco, ou na eminência dele, eles apareceram. Pude vê-los. Distingui-los. Estavam lá. Aí talvez tenha sido eu que lhes faltei com a amizade que devia. Penitencio-me hoje mas não vou a tempo. Eram bastante mais velhos do que eu quando tive a honra de os comandar. Alguns morreram já...

Na profissão também talvez tenha granjeado alguns. Mas aí tudo era mais difícil. Havia interesses, o negócio interpunha-se e, por vezes, mesmo se sobrepunha a desinteressados juízos de valor. Ocorreram, no entanto, algumas histórias que talvez valha a pena recordar um dia. Desse tempo, e foi bem longo, amigos não me restam. Só uma lista, extensa lista!, daqueles que de mim se terão servido e disso me culparei a mim e não a eles.

Na vida social senti-me muitas vezes qual flor assediada por dezenas de abelhas em busca do seu néctar! Tinha uma casa, uma mini-casa, num local privilegiado, a cerca de cinquenta metros sobre o mar. Da varanda, com dimensões de terraço, o que quer que fosse que caísse cairia na areia da praia, em baixo. Na frente e como vista, a imensidão do Atlântico quase sempre manso, cinzento, azul ou verde, aprazível mas cansativo no verão e belo e imponente no Inverno. De binóculos ou à vista desarmada nunca me cansei de o olhar. É muito profunda a saudade que sintp hoje do “meu” mar…

Havia nesse tempo um carro desportivo, branco, descapotável, de dois lugares, que me sabia bem conduzir devagarinho embora, por vezes, tivesse também de andar depressa pois ele gostava, e precisava, de sentir o ar fresco no focinho. Além do carro, havia um barco. Um iate à vela de nove metros e cuja construção acompanhei de muito perto. Tinha um camarote de beliche duplo à proa . e onde sempre dormi só! - uma casa de banho completa a estibordo, uma mini-cozinha a bombordo, onde não faltava um pequeno fogão basculante com forno e grelhador, salão e mesa de refeições, mesa de navegação e cartas, e seis beliches. Dotado de todo o equipamento de navegação em alto-mar, incluía rádio, bóias com sinalizadores automáticos e uma balsa salva-vidas para 8 pessoas, devidamente acondicionada no convés, sobre a cabina. Tão cheio e tão vazio era o meu barco!

Os “amigos” pululavam nessa altura! Havia um, um muito particular, já falecido e que, com ele, levou parte do meu coração. Curiosamente, sendo de Peniche natural nunca foi um “amigo de Peniche”, bem pelo contrário!... Os outros? Quando me tiver dado as resposta que acima eu mesmo enunciei, aqui os trarei – fica a promessa – um por um…

publicado por Júlio Moreno às 15:04
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Quarta-feira, 19 de Julho de 2006

Divagações e tontices em noite abafada e quente

Como serão os outros mundos para além do meu?

Já aqui disse, há tempos, que tudo na vida me parece ser esférico, elíptico ou circular. É assim com os astros do mundo físico e galáctico conhecido e assim me parece que seja com o raciocínio e com os nossos próprios sentimentos. Se calhar tudo é redondo e se encontrará em constante movimento mesmo o que aparentemente nos pareça estático!

Assim é que quando caminhamos, supondo que em frente, na realidade, estaremos a caminhar em círculos, as mais das vezes regressando ao ponto de partida se não estivermos percorrendo uma espiral, círculo de círculos e infinita em termos de conceito.

Na espiral e sem que o princípio se altere, acontecerá apenas uma constante variação do círculo, sucessiva e indefinidamente reduzindo ou aumentando o raio mas sempre nos oferecendo um caminhar sem fim e que talvez uma vida só não chegue para percorrer sem que dele haja desistência; se não houver desistência esse caminho será infinito tal como a espiral que lhe servir de guia.

Vem tudo isto a propósito da indagação que de há muito faço sobre como serão os mundos dos outros. Serão esféricos ou circulares como o meu? Será que os que os vivem e percorrem noutra trajectória que não seja circular e, não regressando à origem, conseguem terminar as tarefas ou obras a que se tenham proposto? Será que pensarão ter superado o impossível e atingido o fim da espiral? Graficamente, e bem ao contrário da minha, poderão as suas vidas ser representadas por rectas ou segmentos delas?

A tudo isto associo às vezes o que seja a velocidade da luz e se, já que tanto as formas como as cores que vemos são o produto da sua reflexão cujas imagens se projectam não só na nossa direcção como também, e nas mais diversificadas perspectivas, para o espaço, se poderemos algum dia - como diria Einstein - viajando a uma velocidade superior à da luz, encontrar e reviver os acontecimentos do passado.

Como a velocidade da luz é mensurável -1.079.252.848,8 km/hora ou 299.792.458 metros por segundo ou, arredondando números, 300 mil quilómetros por segundo - e como é exactamente conhecida essa medida, bastaria que nos pudéssemos deslocar a uma velocidade ligeiramente superior para captar as imagens projectadas no passado, sucessivamente mais distante em função da nossa viagem! Fantástico! Alucinantemente fantástico mas não conceptualmente impossível, para já em termos puramente teóricos, mas – quem sabe? – se algum dia em termos realisticamente físicos!

E o pensamento? O raciocínio, a memória…. as sensações? Esta estranha e inefável capacidade de viajar bem longe, de sentir, recordar, pensar, discernir e relacionar, sem o obstáculo das distâncias e tantas vezes sem sabermos ou podermos sequer definir os seus porquês!

“Não há machado que corte a raiz ao pensamento,,,” – cantava Zeca Afonso. E os sonhos, será que também são redondos e que alguma outra coisa, que não só a própria vontade, algum dia os poderá cortar?
publicado por Júlio Moreno às 16:23
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Belíssima lição!

Um professor, diante da sua turma de filosofia, sem dizer uma palavra,
pegou num frasco grande e vazio de maionese e começou a enchê-lo
com bolas de golfe.

A seguir perguntou aos estudantes se o frasco estava cheio.
Todos estiveram de acordo em dizer que "sim".

O professor tomou então uma caixa de fósforos e a vazou dentro do frasco de maionese. Os fósforos preencheram os espaços vazios entre as bolas de golfe.

O professor voltou a perguntar aos alunos se o frasco estava cheio,
e eles voltaram a responder que "Sim".

Logo, o professor pegou uma caixa de areia e a vazou dentro do frasco.
Obviamente que a areia encheu todos os espaços vazios e o Prof. questionou novamente se o frasco estava cheio.
Os alunos responderam-lhe com um "Sim" retumbante.

O professor em seguida adicionou duas chávenas de café ao conteúdo do frasco
e preencheu todos os espaços vazios entre a areia.

Os estudantes riram-se nesta ocasião.

Quando os risos terminaram, o professor comentou:

"Quero que percebam que este frasco é a vida.

"As bolas de golfe são as coisas importantes,
"a família,
"os filhos,
"a saúde,
"a alegria,
"os amigos,
"as coisas que vos apaixonam.
"São coisas que mesmo que perdêssemos tudo o resto,
"a nossa vida ainda estaria cheia.

!Os fósforos são outras coisas importantes,
"como o trabalho,
"a casa,
"o carro
"etc.

"A areia é tudo o resto, as pequenas coisas.

"Se primeiro colocamos a areia no frasco, não haverá espaço para os fósforos,
"nem para as bolas de golfe.

"O mesmo ocorre com a vida.

"Se gastamos todo o nosso tempo e energia nas coisas pequenas, nunca teremos
"lugar para as coisas que realmente são importantes.

"Presta atenção às coisas que realmente importam.

"Estabelece as tuas prioridades,

"e o resto é só areia.""

Um dos estudantes levantou a mão e perguntou:

- "Então e o que representa o café?"

O professor sorriu e disse:

" Ainda bem que perguntas! Isso é só para lhes mostrar que por mais ocupada que a
"vossa vida possa parecer, sempre há lugar para tomar um café com um amigo. ""

Nota – Esta história foi-me enviada pela amiga de uma amiga minha, hoje minha amiga também, e porque a achei irresistível atrevo-me a colocá-la aqui hoje, como prova da mais rendida homenagem a quem assim sente, pensa e sabe ensinar. Bem hajam, pois, tais Escolas e tais Mestres!

publicado por Júlio Moreno às 12:38
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