Nascido no Porto, em 1936 (há já uns anitos!), foi em Vidago, onde meu pai era médico, que tive a minha infância até que, feito o exame de admissão ao liceu em Chaves, vim para o Porto para continuar os estudos.
Deslocávamo-nos então e frequentemente a Pedras Salgadas onde minha mãe, recordava, nostàlgicamente, as histórias que sua avó lhe contava acerca dos tempos áureos daquelas termas quando D.Carlos, a raínha Dona Amélia, os príncipes e toda a Corte, para lá iam no Verão e o rei, misteriosa e frequentemente desaparecia para vir a ser, muitas vezes e sob disfarce, localizado nalgum bailarico da região, dançando com as lindas moçoilas daquelas terras! Recordo igualmente quanto gostava de ouvir e de, infantilmente, meditar naquelas histórias sobretudo na que minha bisavó me contava de ter visto o rei, atirador exímio (o que de nada lhe valeu!), escrever à bala e numa tábua, o seu nome: CARLOS, REI!
Tudo isto eu recordo com enorme saudade e o indescritível desgosto de um adulto com tão gratas memórias de criança quando vi, há pouco tempo e quando com meu neto lá passei, arrancados os carris da linha férrea e desactivada a Estação por onde tantas vezes passei nas muitas ocasiões em que viajei, com meus pais, naquela “via estreita” para a Régua e daí para o Porto onde meu pai, vogal que era então da Ordem dos Médicos, se deslocava com alguma frequência nunca utilizando o carro cuja gasolina, racionada por causa da guerra, escrupulosamente reservava para só ser gasta na visita aos seus doentes mais longínquos e onde o velho "Skoda" fielmente o transportava, dia e noite, como se fora um "Jeep"!
Lembro-me da longa e imponente serra da Padrela, das Pedras Salgadas,de Sabroso e de Vidago, onde havia aquelas águas de “piquinhos” que, embora contrariando as recomendações de meu pai, tantas e tantas vezes mataram a minha sede de criança naqueles tórridos e abafados verões que nesse tempo havia!
Recordo ainda aquela noite em que meu pai, então doente, não prescindiu da visita e do parecer do seu colega e amigo Dr. Acácio, velho senhor da medicina e que pelas Pedras Salgadas a exercia e onde ainda hoje, por certo aí será lembrado!
“Vidago, Melgaço & Pedras Salgadas” era o que se via naquelas grades de madeira, cheias de garrafas que, no seu interior, tilintavam e que os velhos comboios de verdes carruagens, cinzentos furgões e máquinas a vapor transportavam daqueles lugares para o mundo onde, com whisky ou qualquer refresco, eram bebidas por quem, na sua esmagadora maioria, lhes ignorava as origens!
Perdoará Vossa Excelência, Senhor Embaixador, mas não resisto a copiar o que aqui escrevo para o meu próprio “blog”, o “must be”, como entrada de hoje…pensando eu que a Internet não será sensível a tão descarado e “plágico pleonasmo”.
Com os meus respeitosos cumprimentos.
Júlio A.V.Moreno
Não dou erros de ortografia e muito poucos de gramática. A escrita do que aqui escrevo, se bem que um tanto arrevesada para leitores lineares e simplistas, tem sido isenta, tanto quanto me parece, de graves erros de sintaxe. Venho abordando assuntos actuais e que me preocupam (e, como a mim, suponho que a alguns outros portugueses); procuro não disparar as frases como tiros, secas, directas ao assunto, cheias de pontos finais e, muitas vezes, tão desconexas entre si que só por um extraordinário esforço mental de interligação – o que me parece será a obrigação do próprio texto! – se tornarão compreensíveis e poderão, mesmo, fazer algum sentido; enfim… procuro escrever em português ( o que ainda em mim perdura do muito que me ensinaram!) mas o facto permanece, é constante e iniludível: - não tenho leitores!
Inicialmente pensei que se tratava só de ausência de comentários e que os leitores, ou por receio, ou pelo incómodo e comodismo em dissecar as minhas entrelinhas, ou até – perdoem-me a ousadia: – porque talvez não entendessem o que escrevo (iliteracia pura – termo que não encontro em dicionário algum mas que foi ganhando força e hoje se apresenta como neologismo dignificado pelos inúmeros inteligentes que o utilizam, assim como o “alavancar” - das economias, por ex. - como se diz hoje, mas verbo inexistente em português e que, nem no novíssimo e absurdo acordo ortográfico actual e onde, curiosamente, as águas correram da foz para a nascente! se poderá encontrar!)… - por tudo isto, eu tentei descer ao fundo do problema e concluir do verdadeiro “porquê” do que acontece tendo chegado, por fim, a uma dolorosa conclusão: - não sou um português de hoje! Vim de muitos séculos atrás, estou aqui por engano da natureza, desambientado no tempo, incoerente no pensamento, inconsequente e ignorante do mundo que me rodeia, das "play stations" e, o que será bem mais grave!, sem ser conhecedor das leis do futebol... agarrado apenas a isto que me vai servindo de consolo e de exercício manual - o meu teclado onde, em tempos idos, já terei mesmo chegado a escrever música para os ouvidos de alguém!...
Porque é um erro grave o que pratico, desculparei a muda ausência de tão “sui generis” censura e, marimbando-me para o que os outros lêem , entendem ou mesmo pensem, vou continuar a ser igual a mim mesmo e, sem me vender de corpo ou de espírito a um mundo que, afinal, nunca entenderei, tão longe ele se encontra daquele em que acredito e que julgo ser o meu.
Vou, pois, continuar a desabafar aqui as mágoas que me ferem, as angústias que me atormentam, as revoltas que me enfurecem e as alegrias que Deus e a vida me vão propiciando ainda…
Um dia, e esse dia já não virá longe, todo este amontoado de folhas de papel virtual nas quais escrevo virarão pó (como dizem lá do outro lado do mar os nossos irmãos brasileiros, amálgama de sangues e línguas tão diversos e diversas que deles fazem, realmente, um povo novo!) essas folhas, dizia eu, virarão pó tal como ensinou a voz de Deus…
E nesse dia saberei que, na realidade, não vivi aqui e que por cá apenas terei passado...
Quando terminarão estas coisas assombrosas e muito especialmente a passividade de muitos e a desfaçatez de alguns com que são encaradas, recebidas e aceites e o “dolce fare niente” que sempre se lhes vem seguindo em nome da sagrada “democracia” que vivemos e da “estabilidade das instituições” que, a ser neste momento perturbada, poderia fornecer importantes armas aos nossos inimigos exteriores situados nas tão proclamadas “agências de rating”?
O e-mail recebido e cujas fotos que o acompanhavam não fui capaz de aqui reproduzir (porque não sei como transpô-las do arquivo PDF para este de textodo Word – perdoem-me esta informática ignorância!…), mas, dizia eu, o e-mail recebido é por demais evidente e escandaloso para que o possa ou deva, como cidadão que sou, deixá-lo passar em claro por mero comodismo pessoal.
Trata-se, como não podia deixar de ser, de mais uma “trapalhada” – chamo-lhe assim para não lhe chamar outra coisa e também porque, desde Jorge Sampaio, que o termo terá passado a fazer parte do nosso lexico político – da responsabilidade do nosso inocente e cândido primeiro (recuso-me a chamar-lhe ministro bem como a aceitar que façam qualquer confusão menos própria e respeitável com os primeiros-sargentos de qualquer dos ramos da Forças Armadas aos quais aqui, e porque com eles privei largos anos, deixo o preito da minha homenagem pessoal e o reconhecimento pelo muito que sempre me ajudaram).
Reza assim o e-mail que passo a transcrever:
“PARA NÃO ESQUECERMOS NUNCA QUE TIPO DE GENTALHA NOS ESTÁ A GOVERNAR..
“Sei que os portugueses são muito distraídos e dão pouca importância aos pormenores. Dão mais importância a qualquer matraquilho do futebol do que a assuntos sérios.
“Mas é bom que guardem este ficheiro nos vossos documentos, para se lembrarem daqui a uns anos deste triste acontecimento que vai fazer parte da nossa história.
(segue-se uma foto que não consigo reproduzir aqui)
“Sabem, sou uma pessoa relativamente atenta. E tenho algum treino visual para reparar nos pormenores. Ontem, ao anunciarem a existência de um segundo certificado de José Sócrates, abri o respectivo PDF, entretanto disponibilizado pelo Jornal "PÚBLICO". Não me detive nas classificações. Verifiquei que o documento estava datado ( 96/08/26), assinado pelo chefe da secretaria e.... como sempre, os meus olhos detiveram-se em dois pormenores sem importância: no papel timbrado da Universidade Independente, no rodapé, entre outras informações, constam o endereço (físico e electrónico) e os números de telefone e de fax ( 351 21 836 19 00 e ). Só que,... em 1996, os números de telefone não apresentavam os indicativos 21, 22, 290, mas sim, 01, 02, 090... etc, como aliás, pude confirmar (a alteração só foi feita em 31 de Outubro de 1999).
(nova foto não reproduzida por idênticas razões).
“Um pouco mais à frente, consta ainda, um código postal composto por sete algarismos (1800-255), o que é deveras estranho, uma vez que só em 1998 começa a ser utilizada esta nova forma de indicação.
(mais uma foto).
“Conclusão: o certificado parece ter sido emitido, não em 26/08/1996, mas em data posterior a 31 de Outubro de 1999. O problema ("o maior dos problemas") reside no facto de o Gabinete do primeiro-ministro já ter esclarecido, que a data válida era mesmo a do certificado que se encontra na Câmarada Covilhã."
“Esta ultrapassou largamente as minhas expectativas...de tão elementar que é!!!..."
"Portugal é hoje um paraíso criminal onde alguns inocentes imbecis se levantam para ir trabalhar,recebendo por isso dinheiro que depois lhes é roubado pelos criminosos e ajuda a pagar ordenado aos iluminados que bolsam certas leis."
“Barra da Costa””
Leram? Viram bem como, mais uma vez, o Povo tem razão quando afirma que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo?
Atentaram bem no que leram e na gravidade do que é dito aqui por este criminalista que tanto aprecio pela frontalidade com que sempre trata os problemas e que, talvez por isso, já de há muito não aparece nos “écrans” da TV?
Este caso faz-me lembrar a história daquele atestado médico (ao que suponho) apresentado em Tribunal e passado com data muito anterior à data de água constante do papel selado em que havia sido escrito!
Acham que o País pode continuar indiferente ao que se passa, apenas se mostrando contristado e contrafeito perante o que acontece e vem a lume e, em voz baixa continuando a coleccionar anedotas sobre tal personagem e que cautelosamente – não vá o diabo tece-las! – vão passando entre os amigos?
Acham que este silêncio e inacção nos dignifica e que seremos mais tarde condecorados pelo civismo e magnanimidade demonstrados?
Não, concidadãos, não! Deixemo-nos de cortesias e de belas palavras com tantos “Vossa Excelência” que já enojam! É tempo de dizer basta e de juntar acção ás palavras de revolta e de repúdio que possamos proferir e de correr de facto com a cambada que vem destroçando as nossas vidas e se vem simultaneamente rindo da figura de parvos que, ao consenti-los no poder, político e/ou económico, de dia para dia e cada vez mais vimos fazendo…
Foi para isso que se fizeram as eleições democráticas desta democracia em que os entendidos dizem que vamos vivendo mas que eu insisto em traduzir não pela democracia igual a “vontade do povo” mas sim por democracia “vontade do demo”…
Um voto pela imediata destituição deste governo em plebiscito nacional e extraordinário e pela responsabilização efectiva de quantos pactuam com estas vigarices quando não vivem mesmo à custa delas! … Mas um voto em que se vote e não haja abstenção porque esta, longe de demonstrar repúdio pelo que quer que seja - e o anonimato não garante a gratidão do povo para o abstencionista e está muito longe de valorar os motivos por que o faz: - comodismo, vingança, desinteresse, fracasso inconfessado?, e só enfraquece os motivos pelos quais essa mesma abstenção se pretenda afirmar.
Acho, e muito sinceramente o digo, que merecerá um aprofundado estudo clínico o comportamento do ex-Presidente-Rei Mário Soares quando – segundo notícia que acabo de ouvir na TV – vem hoje criticar Cavaco Silva por se não ter mostrado magnânimo e contemporizador para com os seus adversários – eu diria antes “inimigos” mas, como não sou político nem andei nos corredores da diplomacia (onde não existe a palavra “sim” e o “não” é sempre substituído por “talvez”) e gosto de pegar o bichos pelos “cornos”, como dizem lá para as terras de minha querida mãe – quando Mário Soares vem hoje criticar Cavaco Silva, dizia eu, uma pergunta me ocorre vir aqui fazer-lhe e:
- diz respeito ao facto, de todos sobejamente conhecido, de não ter visto nunca a sua apregoada magnanimidade quando se referia a Oliveira Salazar a quem sempre brindou com os mais severos e raivosos epítetos culpando-o, afinal, de tudo o que de mau acontecera no País e que, na verdade orgulhosamente só – havia então alguns motivos para se ter orgulho! - ele mesmo e desde logo tanto se esforçou por desmembrar e destruir em obediência a interesses hoje claramente reconhecidos, a começar pelo Ultramar que, em notabilíssimo conluio com outros, “vendeu” ao estrangeiro tanto de leste como de oeste.
- Ex-Presidente Mário Soares, o senhor ficará na "estória" porque na "História" não fica com certeza!
Ouvi o discurso de Cavaco Silva no qual agradeceu aos portugueses a sua eleição para o segundo mandato e ouvi igualmente as críticas amargas, mas nem por isso menos justas e oportunas, sobre a forma ignóbil como foi atacado na sua integridade pessoal, que o mesmo é quase dizer familiar, particular e íntima por quem tantos e tão graves telhados de vidro tem!
Ouvi-o reclamar, e justamente, repito, contra a forma vil e torpe como foi atacado por todos os demais concorrentes presidenciais (particularmente pelo senhor um por cento que não era para ser levado a sério) – e muito especialmente por um poeta que nem sequer rimou!
Ouvi-o sugerir igualmente à imprensa maledicente, inundada que está de abutres que, quais necrófagos que serão, se vão alimentam da carne putrefacta que, quando em bom estado logo se apressam a enterrar para festins posteriores, sugerindo-lhe que talvez fosse interessante tentar descobrir que torpes e maquiavélicas mentes programaram até ao mais ínfimo pormenor tais ataques felizmente só mortíferos nas suas doentias mentes, distorcidas e corruptas, elas que tanto se batem contra a corrupção!
Tudo isto ouvi atentamente e a quanto ouvi e porventura aqui tenha omitido dei a minha silenciosa concordância de tal forma me aquietaram essas palavras que se resumem, afinal, a por em prática o velhíssimo e sábio aforismo popular que nos ensina que “quem não se sente não é filho de boa gente”. Cavaco Silva sentiu-se e com a sua atitude não só se libertou do insulto como fez jus ao que a sua própria família lhe exigiria.
Porém e quase em simultâneo, ouvi que uns quantos fantoches que certa televisão à nossa custa vai alimentando – porventura da mesma família dos mentores da calúnias e do veneno que sobre a forte personalidade do Presidente reeleito quiseram lançar – logo vieram, tão disfarçados que quase nem os reconheci, e ao abrigo da bagunça democrática em que sempre andam a chafurdar e da erradíssima interpretação que de liberdade constantemente fazem, vociferar, espumando de raiva, contra tais palavras e continuando a lançar baldes de querosene sobre a fogueira que antes haviam ateado e à qual a maioria dos portugueses soube, sabiamente, retirar o comburente e o combustível e desprezar as novas energias de activação com que, assanhadamente, pretenderam reactivá-la!
Mas será que com tamanha desfaçatez e tamanhos ódio, sanha e pouca-vergonha consentida, este País poderá alguma vez ir a algum lado? Não será altura de, em termos legais, começar a impor – mas rigorosamente e independentemente de “queixa” de quem seja o ofendido – que quem caluniar publicamente alguém sem comprovar a calúnia e sem demonstrar a necessidade imperiosa e inadiável que teve de fazê-lo, pague, e duramente, pelo seu acto? Não será que estaremos a levar longe de mais a noção de magnanimidade que a própria democracia, ela mesma, não tem mas do que, por desconhecimento de muitos, outros, os agitadores profissionais, os inteligentes, os supra sumos da inteligência nacional e sem os quais este país vegetaria, dela se aproveitam?
Acho que é tempo de voltar a cultivar valores como os da verdade e do respeito pelo próximo e muito particularmente pelos símbolos nacionais sob pena de estarmos a criar uma geração de gente sem escrúpulos, essa sim e que, mais tarde, bem poderá vir a ser apodada de geração rasca…
São 13h08 de 23 de Janeiro de 2011.
Hoje, a despeito do frio que fazia, fui votar e votei!
Naquele papelinho que me entregaram na minha secção de voto, a sós com a minha consciência e em silêncio, descarreguei as frustrações acumuladas e assinalei, exactamente no quadradinho que queria, o que penso possa ser o caminho da minha nova esperança!
Agora, calmamente, e até ao fim deste soalheiro mas frio domingo, só me resta esperar o resultado para depois, ou bem ou mal, me sentir com o que o meu Povo tiver decidido.
Como diz o músico de óculos escuros: - “fui fazer o que ainda não foi feito!...”
Pois bem, eu reflecti. Passei mesmo o dia a reflectir e o resultado dessa minha reflexão foi sempre o mesmo: - o vago, o vazio, o zero!
Sabia-o já de há muito e hoje, lá por volta da hora do almoço, irei votar. Lá estarei junto da mesa de voto a colocar o meu voto livre, consciente e convicto. Lá estarei a cumprir o meu dever cívico.
Mas não vou votar em consequência da reflexão que ontem fiz (já passa da meia noite e, portanto, hoje já é amanhã…). Não, não vou votar por isso.
Vou votar na sequência das sucessivas reflexões que, ao longo dos dias de vários anos de venturas e desventuras, de verdades e de mentiras desde esse longínquo dia em que, tendo começado por respirar ar puro cedo deixei de gostar dos cravos, venho fazendo, de tudo concluindo não pelo que quero mas sim pelo que não quero. Isto é, vou votar no que não quero e vou fazê-lo com uma cruzinha apenas… (é preciso habilidade!...).
Não quero o meu País objecto do escárnio e da risota internacional e muito menos de quem hoje se julga e crê dono da Europa e dos europeus como essa tal senhora Merkel, vinda do Leste e que só chegou a este lado depois de derrubado o muro que a mantinha cativa física, química e ideologicamente.
Mas isso a mim pouco me importa porque eu, não obstante por cá viva há muito mais tempo, continuo a não ser europeu. Nunca o fui e nunca o serei – é curioso que o diga agora quando, pela idade que tenho, já bem pouco tempo me restará para querer ser o que quer que seja…
Porém, enquanto por cá ando e Deus me for deixando andar quero que saibam que não sou europeu, que não acredito na Europa que não enxergo mesmo para lá dos Pirinéus a não ser nos raros momentos em que lhe passei por cima nas múltiplas viagens aéreas a que o meu dever de ofício me obrigou durante os trinta e tal anos da actividade a que, de alma e coração, me votei esperançadamente e pelas notícias que de lá me chegam de uns tais Napoleões e Hitleres que por lá andaram a matar uns quantos…
E foi nisto tudo que ontem reflecti.
Bem vistas as contas e lendo o que acabo de escrever vejo que, afinal, nada disse e que apenas amontoei palavras como se - tal como às vezes digo - tivesse pegado num dicionário e o tivesse entornado aqui deixando que este amontoado de palavras dele caíssem tendo eu somente dado um jeitinho aqui e ali para que, equilibrando-se umas ás outras, parecessem que eu teria querido dizer o que não quis nem disse afinal. Talvez uma moderníssima obra literária destinada talvez aos espíritos mais eclécticos que, porventura, a leiam!
Terá sido este o resultado de tanto ter reflectido ontem?
Sem pretender, - longe disso! – imiscuir-me em assuntos que me não respeitam, como sejam as notícias e os “media” que, por escrito, as transportam para o domínio público, decidi discorrer hoje um pouco sobre dois títulos de jornais que algo me vêm incomodando de há algum tempo a esta parte e dois dos erros mais comummente proferidos pelos nossos jornalistas.
Refiro-me, como bem por certo já terão percebido, aos jornais “OJE” e “DESTAK”, ambos gratuitos mas cuja gratuitidade, salvo melhor opinião, lhes não dará o direito de passar por cima dos mais elementares preceitos da língua que lhes dá forma e corpo e muito menos de assumirem os seus erros como “liberdades poéticas” já que de poético nada terão, como infelizmente não têm hoje as nossas vidas, espartilhadas que se encontram entre as mentiras da política e as gravíssimas dificuldades da sacrossanta economia que a tudo e a todos governa neste mundo!
Com efeito, a continuarmos assim, e a termos ilustres jornalistas – hoje denominados, salvo erro, “comunicadores sociais” – a continuamente errar na dicção no plural de acordo lamentavelmente se equivocando entre “acórdos” e “acordos” e a confundirem o termo “moral”, que, (segundo o Grande Dicionário Universal da Língua Portuguesa, na sua versão informática 2.0, e que normalmente utilizo), como substantivo feminino quererá dizer: - “conjunto de regras de comportamento consideradas como universalmente válidas; costumes e opiniões que um indivíduo ou um grupo de indivíduos possuem relativamente ao comportamento; parte da filosofia que trata dos costumes e dos deveres do homem para com o seu semelhante e para consigo; ética; teoria ou tratado sobre o bem e o mal; lição, conceito que se extrai de uma obra, de um facto, etc., e conduta ético-religiosa); - e, como substantivo masculino terá significado bem diverso já que expressará “o conjunto das nossas faculdades psíquicas; o espiritual”; - e ainda, como adjectivo, será “relativo aos costumes; dirá respeito à ética; e será relativo ao domínio espiritual”, será que, a continuarmos assim, iremos no bom caminho?
E regressando aos jornais:
- Será que o título de “HOJE” despertaria menos a atenção dos seus possíveis leitores? Influenciaria negativamente a sua pretendida angariação de publicidade? Ou será que, por míngua de recursos, os seus editores terão decidido economizar a tinta que seria consumida na impressão da letra “H”? E se, porventura válidos tais condicionalismos, não será que é bem nefasto o ensinamento dado aos jovens que, muito justamente surpreendidos nos bancos da Escola, se interrogarão quando lhes ensinam que “hoje” se escreve com “h” se aos “grandes” é permitido o cometimento de erros como esse e… sem castigo? Concluindo: - uma tristeza!...
- Quanto ao “DESTAK” entendo que assim se denomine ao abrigo do que diria ser hoje (vêm, com “h”!) uma liberdade informática inspirada, talvez, na poupança de tempo e bateria de telemóveis e que lhes permite escrever “k keres?” quando perguntam à namorada o que é que ela efectivamente quer!
Mas entendo.
Sim, entendo e, tal como Sócrates entende (e estende…) o Magalhães para salvar a Pátria e eu lamento tê-lo como nosso primeiro, não posso, ao fim e ao cabo, lamentar o estado em que, por culpa nossa, se encontra este nosso pequeno mundo no qual viajamos hoje à velocidade da ilusão, que será semelhante à da própria luz e sem tempo de olhar, apreciar e, diria mesmo, venerar, as belas e pequenas urzes que, ainda alegremente, crescem e vão florescendo, açoitadas por inclementes ventanias, por entre as pedras rudes das nossas serranias e onde, felizmente, a civilização do homem ainda não chegou e onde só a obra de Deus ainda prevalece!...
Mão amiga acaba de me enviar este curtíssimo texto que não resisto em transcrever aqui dada a profunda lição de conteúdo que ele, pelas suas palavras simples e directas, tão oportunas como verdadeiras, sobretudo nestes dias de tão grande ociosidade ideológica e de pensamento criativo como me parecem ser aqueles que vivemos e tão superficialmente preenchem o nosso dia-a-dia, me trouxeram o conforto que já um dia tive:
"Conta certa lenda, que estavam duas crianças patinando num lago congelado. Era uma tarde nublada e fria e as crianças brincavam despreocupadas. De repente, o gelo se quebrou e uma delas caiu, ficando presa na fenda que se formou. A outra, vendo seu amiguinho preso e se congelando, tirou um dos patins e começou a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo por fim quebrá-lo e libertar o amigo.
"Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino:
"- Como você conseguiu fazer isso? É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis!
"Nesse instante, um ancião que passava pelo local, comentou:
"- Eu sei como ele conseguiu.
"Todos perguntaram:
"- Pode nos dizer como?
"- É simples - respondeu o velho. - Não havia ninguém ao seu redor, para lhe dizer que não seria capaz..
"Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados, CAPACITA OS ESCOLHIDOS. Fazer ou não fazer algo só depende de nossa vontade e perseverança - "Mt 22:14 - Porque muitos são chamados. Mas poucos os escolhidos".
"Confie...
"As coisas acontecem na hora certa. Exatamente quando devem acontecer!
"Momentos felizes, louve a Deus.
"Momentos difíceis, busque a Deus.
"Momentos silenciosos, adore a Deus.
"Momentos dolorosos, confie em Deus.
"Cada momento, agradeça a Deus.""
Mais uma vez se vão disputar eleições para a Presidência da República e vários são os candidatos que, ao abrigo do seu indiscutível direito democrático, se perfilam hoje para as disputar gastando o seu tempo, indestrutível porque existirá precisamente para isso mesmo, para ser gasto e consumido, por inteiro, na vacuidade dos seus fastidiosos discursos. E são eles, se não erro:
- Cavaco Silva, o economista, ex-primeiro ministro, Presidente ainda em funções e português sério, convicto e competente embora dado ainda a demasiados tabus e, talvez por isso, a uma actuação demasiado lenta que, tardando em demasia, correrá o risco de poder tornar-se inútil…
- Manuel Alegre, poeta de profissão, locutor nas horas vagas e que ainda se não deu ao trabalho de desmentir as gravíssimas afirmações que, sobre si, são proferidas pelo Major-general Paula Vicente, piloto aviador e por Aníbal Pinho, como ele, piloto-aviador, que o acusam de crime e de traição à Pátria, doutor (título que não terá mas que, como vem sendo hábito no partido a que pertence, não enjeita, já que, ao que sabemos, só terá frequentado, em Coimbra, o terceiro ano de direito), perdido que andará à procura de acções e de cheques de que a sua atrofiada memória já não consegue recordar devidamente…
- Fernando Nobre. Ilustre médico fundador da AMI, nascido no Ultramar e completamente deslocado neste imbróglio político onde aparece como figura ingénua apenas para ocupar espaço e, porventura, satisfazer algum misterioso e ainda não identificado desejo do seu ego pessoal…
- Defensor de Moura, estranhíssima figura de uma política ultra duvidosa que, por estranha e impenetrável coincidência, terá deixado a medicina para se dedicar a tempo inteiro à politiquice talvez daqui resultando o não ser nem bom nem fiável quer num mister quer no outro…
- Um tal outro senhor de seu nome Francisco Lopes, montador electricista de profissão, devotado deputado do PCP, herdeiro do linguarejar próprio do defunto Álvaro Cunhal e cujas ideias, caducas, bolorentas e defuntas, também elas, monocordicamente ditas, mais uma vez afloram neste lodaçal político de um Portugal dito democrático mas que se me afigura “doente”, muito mais do que o estaria ao tempo da muito mal explicada ainda revolução dos cravos…
E, para completar a panóplia de candidatos:
- Veio da Madeira um pastel estranho quando o que por lá é conhecido, e apreciado, é o bolo de mel e não o pastel de Belém!...
Perante tudo isto apetece-me distorcer e, como que parafraseando Eça de Queiroz, dizer que a eleição do Presidente da República não deve ser considerada como algo de especial na vida da nação portuguesa mas tão somente um mal de que, como se gripe fosse, ela sazonalmente padece sem que, para isso e desde o regicídio de 1 de Fevereiro de 1908, que veio a culminar, a 5 de Outubro de 1910, com a implantação da primeira das já várias Repúblicas que temos tido, sem que, dizíamos, se tenha encontrado a verdadeira cura que, ao que tudo indica, somente será encontrada – e os meus avós materno e paterno que me perdoem! - quando, regressando ás velhas lições e tradições do passado, se entender que a democracia também pode ser vivida em monarquia como o vêm demonstrando a Espanha, a Inglaterra e os ditos civilizadíssimos países do norte europeu e tudo isto porque as repetitivas e desinteressantes perorações políticas dos candidatos mais se vêm parecendo com os antigos cantares de escárnio e de maldizer do tempo de D. Dinis do que proclamações lúcidas e verdadeiramente úteis para o País, nesta altura empobrecido até à penúria porque deu o seu sangue a filhos tão dilectos e tão modestos que hoje, além de outras coisas, até o seu paradeiro se ignora ou, nalguns casos, convirá ignorar-se!...
Ah! Homónimo meu da antiga Roma quanta razão tinhas tu quando analisavas a nossa verdadeira índole! Será que, do teu túmulo poderás, um dia, erguer ainda a tua voz para profetizar o nosso futuro?
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