Acabo de ler no IOL a notícia que não resisti a transcrever aqui, cumprindo-me dizer que, não obstante não professe a maior parte das ideias bloquistas, tenho acompanhado a acção política do Dr. João Semedo, médico distinto além de deputado por quem tenho a maior consideração pelo que não poderia estar mais de acordo com as considerações que terá tecido a propósito dos infaustos acontecimentos que em Évora se verificaram: - o suicídio de uma infeliz enfermeira e o procedimento do sr. Ministro na sua programada e não adiada visita ministerial.
Na verdade o Ministro Paulo Macedo teve o comportamento típico do tecnocrata para quem, como quando esteve na DirecçãoGeral de Impostos, humanismo, humanidade e sentimento pouco contarão quando comparados com os números, as tabelas, as percentagens e quejandos. Entretanto devo acrescentar que esse comportamento esteve longe de me surpreender pois era mesmo assim que eu sempre vi e imaginei os cobradores de impostos que, ao longo dos tempos da nossa história, impiedosamente tributavam a plebe em favor da coroa.
Segue a transcrição:
"BE: ministro não devia ter feito visita
João Semedo considera que Paulo Macedo reagiu mal a suicídio de funcionária
Por: Redacção / CP | 5- 8- 2011 16: 52
"O deputado do Bloco de Esquerda (BE) João Semedo disse estar «desagradavelmente surpreendido» pelo facto de o ministro da Saúde não ter interrompido a visita a Évora depois de ter conhecimento do suicídio de uma funcionária do hospital, «como se nada tivesse acontecido».
"Fonte do gabinete do ministro Paulo Macedo disse à agência Lusa que «foi ponderada a suspensão da visita», mas considerou-se que o programa devia prosseguir tal como estava planeado.
"Para o deputado bloquista, «o suicídio de alguém, mesmo que seja um estranho, é sempre um momento difícil e trágico e que exigia um resposta sensível e humana», que considera que o ministro não teve.
"«O que todos esperariam é que o ministro tivesse interrompido a visita, que poderia fazer em qualquer momento, fosse para quem fosse», acrescentou.""
Antes do 25 de Abril era a censura que impedia a publicação de certas notícias. Hoje, com as amplas liberdades, pensava eu que seria o bom senso.
Verifico, no entanto e sinceramente apreensivo, que à falta da primeira não se cultiva o segundo pelo que notícias - como a de que as polícias, à míngua de combustível para gastarem em serviços de patrulha, estacionam as viaturas nas zonas mais visíveis das cidades, aí efectuando um rudimentar policiamento que algum iluminado decidiu chamar de “proximidade” - são dadas a conhecer pelas televisões seguramente avisando a gatunagem de que, desta forma, poderá actuar mais livre e impunemente, tal como vem acontecendo nos últimos tempos, com enorme perigo e algum escândalo, diga-se, lá para os Algarves onde o desastrado Acordo de Shengen, escancarando as fronteiras, como tantas vezes aqui já tenho dito, proporciona aos delinquentes, na sua maioria estrangeiros, mas também muitos portugueses, o abrigo seguro que o país vizinho e escassa meia hora lhes propicia…
O bandido passa, veloz e nada o detém. O policia, esse, por falta de jurisdição na área, creio que terá de parar a sua perseguição na fronteira virtual onde a burocracia, que o Acordo não deverá ter previsto capazmente, literalmente lhe tolherá os movimentos…
Que me desculpe quem comigo não concorde mas penso que hoje temos liberdade a mais e de que será tempo de ponderar bem sobre o uso que estaremos fazendo dela. É a velha história de se passar dos oito aos oitenta!…
Nestas curtíssimas férias – se férias são de chamar aos escassos dias em que, com a maior das economias, conseguimos passar fora de casa! – fomos um dia a Santarém, terra que há muito não revisitava e que sempre me atraíu, como, aliás todo Ribatejo de onde a minha saudosa mãe era tão orgulhosamente natural e o Alentejo com as suas lonjuras de searas e imensas planícies salpicadas de sobreiros.
Em Santarém fui encontrar, bem ao contrário do que secretamente esperava, uma cidade incaracterística e em quase tudo semelhante às demais cidades da província, com edifícios modernos, pouco enquadrados na tradição urbanística do local, monstruosos armazéns, e talvez se diferenciando das demais pelo espaço, quase diria o espaço da campina, que nela sempre encontrei e sempre me fascinou.
Fui, como não podia deixar de ser ao Jardim das Portas do Sol, donde se avistam Alpiarça e Almeirim, hoje enormes no seu branco casario, e a sempre bela e espraiada terra alentejana qie o Tejo percorre, ali indolente e quase sem água, que esta deve ficar por terras espanholas, lá para as bandas de Toledo…
Fui às Portas do Sol mas, para espanto meu – ou cegueira minha! - andei às voltas e não encontrei sinalização capaz de me lá levar não fora a amabilidade e a cortezia de uns policiais que tive a sorte de encontrar em serviço de patrulha e que até lá me guiaram. A eles, à sua simpatia e ao bom acolhimento que me dispensaram, aqui fica o meu obrigado e a promessa de que, um dia, se forem lá para o Norte, para terras que não conheçam e por lá me encontrem, os saberei recompensar pelo bem que me fizeram.
Surpreendido, entretanto, fiquei a saber que Santarém não tem, que eu saiba ou me tenham sabido informar, qualquer vestígio daquele que, por lá passando, foi um dos seus maiores – o Marechal António de Spínola!
Ao ilustríssimo Presidente da Câmara da cidade, cujos livros vejo nos vários escaparates das grandes superfícies comerciais, e talvez não só, aqui deixo uma pequena lembrança, quiçá uma mera sugestão: - mande melhorar a sinalização da sua bela cidade para que as Portas do Sol se não atinjam sòmente pelos tortuosos caminhos da sombra e lembre-se de que a Spínola também se deve o muito que hoje todos, uns mais do que outros, vamos querendo ser…
Os cabelos brancos do homem estavam em desalinho por causa do vento que soprava forte, ali, à beira mar, naquela rocha suavemente arredondada onde se sentara. O seu olhar, de uma limpidez acinzentada, tinha-o perdido talvez bem para lá da linha do horizonte que havia já bastante tempo fixava.
Pensava...
Pensava, e, no turbilhão de ideias que lhe povoavam o cérebro matemático, arrumado e habituado a deduzir e a encontrar as soluções das complexas equações algébricas e dos problemas de matemática quântica, matérias que ensinava, sentia que algo de infinitamente grande o invadia e dele se apossava numa sensação única e que não se recordava de já alguma vez ter sentido.
E essa sensação perturbava-o. Já na véspera, pelo entardecer e olhando o por do sol da varanda de sua casa e vendo como ele se afundava lentamente naquela linha curva daquele mar imenso que tanto amava e o horizonte tão bem recortava. desdentão que essa sensação estranha se fixara nele sem que tivesse sido capaz de a afastar tal como lhe acontecia sempre que tinha de preparar alguma lição mais avançada para as aulas do dia seguinte. Recordou então em como era fácil resolver os seus complexos problemas matemáticos e de como era fácil explicar essas matérias aos seus alunos… Mas como explicar o inexplicável? Aquilo que tinha ali mesmo ante os seus olhos e que, sempre que o via, o deslumbrava sem sequer imaginar qual pudesse ter sido o processo de cálculo que levara a tamanho e tão grandioso evento como era aquele: - o por do sol!... Mais um, apenas mais um dos muitos que observara já em toda a sua explendorosa magificência e quântica magnitude!
E o homem sorriu. Sorriu interiormente, muito mais para si do que para quem o pudesse estar a observar naquele momento e que não era ninguém pois estava só. Sorriu enigmaticamente já que subitamente sentiu que começava a entender algo que nunca conseguiria ensinar aos seus alunos e que ele mesmo estava ainda muito longe de compreender também…
Pensava e sonhava...
Foi quando a verdadeira noite já caía que o encontraram.
Tinha tombado para o lado esquerdo e da têmpora, ligeiramente ferida pelo impacto com a rocha onde se sentara, um ligeiro fio de sangue, agora já coagulado, como que lhe manchava o sorriso em que naquele mesmo instante, simultâneamente fugaz e eterno, a morte o supreendera e finalmente o levara a resolver a equação que nunca em vida resolvera.
- É o professor... - alguém explicara a alguém. - Aquele que morava naquela casa... acolá!...
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