Sábado, 30 de Setembro de 2006
Que me lembre foi só há poucos dias que ouvi pela primeira vez os generais falarem grosso nos Estados Unidos! Falaram mas, para além de algumas críticas de que a ainda estupefacta e tímida imprensa se fez eco, pouco mais sabemos do que realmente disseram ou, e isto é que me parece importante, do que pensaram dizer e talvez fazer.
O mundo, e não errarei muito se disser o mundo em toda a sua real, humana e geográfica dimensão, está cheio, está farto de um ditador, inculto, arrogante, de meia-tigela, como usa dizer-se em bom português, que teve o demérito de ganhar vergonhosamente e sem outra ilegitimidade que não seja a do aberrante método eleitoral americano umas eleições mais do que discutíveis isto depois de ter emergido praticamente de um nada bem pouco recomendável, sem nunca ter feito nada de real valor ou sequer servido a pátria como seu pai e tantos outros presidentes que o antecederam tiveram o mérito de fazer.
Tudo iria mudar, prometia. A América iria ser outra, dizia. O sonho americano iria regressar. E mudou de facto. E a América é, hoje, outra América. De País de liberdade e de futuro, tornou-se no país dos atentados, das restrições cívicas e do medo, a começar pelas crianças das escolas que um qualquer louco baleia e mata a seu bel-prazer; na realidade transformou-se na América das restrições da liberdade e do medo que um pouco por todo o lado a todos vai tolhendo e intimidando, enquanto o pavão ignorante e simiesco, com inusitado pendor belicista, vai mandando milhares e quem sabe se um dia milhões! de jóvens americanos para uma morte inglória e sem honra!
Porém, e aqui caber-me-á ser egoísta também, se ele mandasse apenas nos milhões de lá e que lá tem e que, por terem-no aceite como eleito, têm agora o dever de o suportar, ainda vá que não vá, seria um assunto só deles e eles que o resolvessem, como já uma vez resolveram na célebre guerra civil americana de tão triste memória mas que, como em muitos outros países, invariavelmente vão marcando o crescimento dos povos! Agora que se arrogue no poder de mandar nos outros, naqueles que não lhe reconhecem a mais ínfima parcela que seja de autoridade, que queira levar a sua doutrina à Europa, à Ásia, à África e à Oceânia, isso é levar longe demais o poder que julga possuir, alicerçado que está na utópica crença da invulnerabilidade das suas couraças, o que meia dízia de fanáticos suicidas se encarregaram de desmistificar matando milheres impunemente, e na eficiência das suas armas, o que, na verdade, não tem, conforme ficou amplamente demonstrado nas guerras em que se tem empenhado ultimamente, isto para já não recordar o fracasso e o pesadelo do Vietname onde os um velho e franzino general vietnamita, verdadeiro guerrilheiro dos nossos conturbados dias, soube impor ao povo americano a mais terrível e humilhante derrota que este jamais sofreu, é levar longe demais a sua presidencial e demencial vontade qual a de Nero incendiando Roma!
Todavia, contrariamente ao que daqui e destas linhas possa transparecer, eu não sou nem nunca fui anti-americano. Recordo a boa América e como amei a pátria dos que sonhavam e nela souberam concretizar esse sonho. Recordo a heróica América como a poderosa e decisiva aliada contra as forças do temível eixo do mal que germinou no mundo de 1939 a 45 entre a Alemanha hitleriana, a Itália do tresloucado e palavroso Mussolini e o Japão do traiçoeiro Hirohito. Recordo essa América que abrigou milhões de homens e mulheres de todo o mundo e a todos deu pão e tratou, quase sempre por igual, não fossem as seitas dos malditos KKK que se encarniçaram selvaticamente nas históricas lutas contra os negros, ás quais nós também, portugueses, como mercadores de escravos da África para o Brasil, também, não nos poderemos considerar de todo indemnes! Recordo essa América, respeito essa América e ainda acredito nessa América.
Daqui o apelo que faço, pois, a todos os americanos de boa vontade e amantes da paz, que não da guerra, aos honestos e não aos viciosos, que acabem de vez com esse tiranete que vos oprime e envergonha aos olhos de todo o mundo que só serve os seus inconfessados propósitos e façam com ele o mesmo julgamento que ele está fazendo com um outro ditador, este ás claras, o Sadam Hussain, seu grande e cordial amigo quando ambos mandavam que fossem terceiros a sujar as suas mãos no imundo petróleo de que se alimentavam e onde se atolaram!
Americanos! Afastem, julguem e condenem esse homem e o séquito que o rodeia e a paz que ele hoje proclama ao mundo e que, como o dia a dia o vem demonstrando, é a paz mais falsa e tenebrosa que já houve, talvez possa passar a ser então uma paz verdadeira e duradoura que, embora já não servindo a muitos de nós, possa, ao menos, servir aos nossos netos.
Um regresso em força.Fico feliz por o "ver" de volta. Um abraço.
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