Sábado, 30 de Setembro de 2006

Tenho utilizado várias vezes os serviços de uma ambulância e falo, por isso, com conhecimento de causa…

Leio no Portugal Diário da IOL – 29 de Setembro de 2006 - que mais um acidente na estrada mata, desta vez, o condutor de uma ambulância; certamente um homem devotado ao seu semelhante, de 49 anos e provavelmente pai de família e que, na pujança da vida, pondo a sua existência e aptidão ao serviço dos outros, morreu e fez com que feridos ficassem também os dois ocupantes que nela eram transportados! Que lamentável e tristíssima ocorrência!...

Porém, pouco ou mesmo nada de anormal teria esta trágica notícia – apenas mais um número para as estatísticas que periodicamente certos iluminados nos debitam, já que, nos dias de hoje, quase se pode considerar normal que uma pessoal corra o risco de morrer na estrada! – não fora o facto de o senhor ministro da saúde, em nome vá lá Deus saber de quê! - mas, com toda a certeza, em favor de um economicismo balofo e, ao que espero, em breve fora de moda não fora o estado de asfixia em que puseram o País, com o investimento a fugir que nem ratazanas abandonando a nau a afundar-se - vir condenando todos os pacientes, que não ele que até assim já o terá dito ao rejeitar a assistência num hospital nacional!, a serem sujeitos a transportes de ambulância por este país fora, a caminho de locais longínquos e tudo por causa do encerramento que vem ordenando de maternidades e, mais recentemente e pelo que se fala, de alguns serviços de urgência de hospitais!

E não vê este senhor ministro, coradinho de rosto e cheio de títulos académicos, que em muito o enobrecem mas de que o país real prescinde em absoluto, de que a estrada, sobretudo a nossa, é um dos maiores perigos existentes em Portugal pelo que condenar hoje um paciente a tal risco, e, no caso das grávidas, duplamente porque serão dois a padecer tal sofrimento, parece quase ser crime de lesa-pátria!

Não enxerga o senhor ministro o que “Monsieur de la Palisse”, por certo, já enxergaria de que, desta forma, o doente tem enormes probabilidades de morrer da cura, e, se a memória me não atraiçoa, até já houve um caso em que tal aconteceu!?

Estradas em mau estado, traçados péssimos (feitos pelos jumentos quando, incentivados pelos donos, buscavam o melhor e o mais curto caminho para casa, como eu ouvia contar em pequeno a propósito das curvas e contra-curvas do Marão), ambulâncias em paupérrimo estado de conservação, não obstante os esforços dos improvisados mecânicos-bombeiros que delas tratam carinhosamente já que lhes são oferecidas (em 3ªa ou 4ª mão) por laboriosos emigrantes que, lembrando-se do que padecem os que na terra ficaram, as adquirem em lotes de material de abate e já em fase terminal nos países onde se encontram emigrados, sendo a Alemanha é um deles... Mas, como a cavalo dado não se olha o dente e as leis de segurança rodoviária são só feitas para os particulares que podem pagar as coimas que nelas se prevêem vá dai que tais ambulâncias, como autocarros de serviço público, a reluzir de brilho por fora e podres nas entranhas, circulem, circulem e circulem até mais não poderem e, de exaustão, caírem para o lado com “tudo” o que transportem…

A acrescentar a isto há ainda o factor humano e a muito natural tendência para, ao abrigo de uma luzinha que rodopia no tejadilho e de uma sirene que, as mais das vezes se torna mais incómoda que útil, certos condutores novatos, inconscientes e inexperientes, metidos a “Shummakers” e pouco preparados para se lançarem em altas velocidades, velocidades que nem as vias nem os seus dotes de condução consentem, aumentem mais ainda o risco de que vimos falando!

Senhor ministro, viaje de ambulância desde Paradinha de Besteiros até Bragança, com uma almofadinha na barriga e um lenço atado à cabeça, à boa moda transmontana, (ninguém reparará na idade, afianço-lhe!) gritando que vai parir ali mesmo e depois conte-me o resultado… Se lá chegar, já não digo em condições de parir o apregoado filho, mas ao menos de dizer uma só palavra, garanto-lhe que vai merecer o perdão de todos os portugueses por quando de maledicentes palavras lhe têm vindo a dirigir nestes últimos tempos da era Socrática que vivemos.
publicado por Júlio Moreno às 11:35
link | comentar | favorito

.mais sobre mim

.pesquisar

 

.Setembro 2013

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
10
11
12
13
14

15
16
17
18
19
20
21

22
23
24
25
26
27
28

29
30


.posts recentes

. Mais uma vez mão amiga me...

. Um tristíssimo exemplo de...

. A greve como arma polític...

. A crise, o Congresso do P...

. O PRESIDENTE CAVACO SILVA

. Democracia à portuguesa

. ANTÓNIO JOSÉ SEGURO

. Cheguei a uma conclusão

. A grande contradição

. O jornalismo e a notícia ...

.arquivos

. Setembro 2013

. Junho 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Maio 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Junho 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

. Dezembro 2006

. Novembro 2006

. Outubro 2006

. Setembro 2006

. Agosto 2006

. Julho 2006

. Junho 2006

. Maio 2006

. Abril 2006

. Março 2006

. Fevereiro 2006

. Janeiro 2006

. Novembro 2005

. Outubro 2005

. Setembro 2005

. Agosto 2005

. Julho 2005

. Junho 2005

. Maio 2005

.favorito

. Passos Coelho: A mentira ...

. Oásis

.links

.participar

. participe neste blog

blogs SAPO

.subscrever feeds

Em destaque no SAPO Blogs
pub