Mão amiga fez-me chegar o artigo do Le Monde Diplomatique de ontem (publicado na Internet em http://www.monde-diplomatique.fr/carnet/2006-06-30-Palestine) que nos dá conta dos últimos ataques israelitas sobre Gaza, o território quiçá amaldiçoado tanto por Deus como por Allah, e cujo excerto tomei a liberdade de transcrever acima.
Depois de o ler, e curiosamente, não foram os aspectos aí focados e considerados como crimes de guerra pela Convenção de Genebra, e seu Protocolo adicional, que feriram a minha susceptibilidade e determinaram estas linhas que agora e aqui apressadamente escrevo. O que feriu a minha susceptibilidade e determinou esta minha onda de revolta privada foi o de, pela primeira vez, me ter dado conta do absoluto non sense das coisas que se escrevem, que se publicam, que existem e nas quais o mundo, talvez cansado de pensar, vem simplesmente acreditando!
Mas que mundo civilizado é este em que vivemos! Que Código é este que, pretendendo ser sério, permite os ataques contra os povos desde que como deduzimos da regra invocada - la famine não seja utilizada como método de guerra; desde que não sejam destruídos ou tornados indisponíveis os bens indispensáveis à sobrevivência das populações civis? Que Código é este que invoca princípios e postula normas quando os princípios da guerra serão apenas tácticos e essa táctica se resume a matar e a matar bem o inimigo! Mas, se interdita, quem interdita quem e interdita o quê? E se existe, de facto, o poder de interditar, seja pela Convenção de Genebra ou qualquer outra e não se trata apenas de retórica e cruel demagogia por que não é ele usado "ab initio" para interditar a guerra e impedir, assim, os métodos que ela possa vir a utilizar?
Que absoluto e desprezível non sense, sério demais, porém, para não poder ser ignorado e antes comentado, descrito e desacreditado! Com tanta leviandade e sórdida mistificação não admira que tenham existido julgamentos como o de Nuremberga e, na actualidade, exista o de Sadam Hussain, isto enquanto os fautores de Guantanamo, não obstante condenados, seguem jogando golfe e condenando à morte centenas de milhares de inocentes que se lhes oponham!
Esta é a verdadeira face da utópica civilização que construímos e em que vamos vivendo tão contentes! Nações Unidas, Parlamentos, nacionais e europeus, Tribunais Internacionais, de que servem? Os tanques entraram em Gaza. Os extremistas islâmicos vão continuar a sua senda de atentados. O senhor Bin Laden acaba de nomear a sua representação no Iraque, o senhor Bush continuará a exorbitar nas suas funções, os jornalistas continuarão a criar notícias sensacionalistas e as editoras a vender papel impresso muitas vezes bastante contaminado.
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