Quarta-feira, 14 de Junho de 2006

A minha reflexão de hoje

A minha reflexão de hoje recai sobre a problemática do “quero, posso e mando”, apanágio de todos os que se julgam poderosos e que o tradicional laxismo dos povos, muito em particular dos portugueses, deixam que, na realidade, o sejam e vão continuando a ser pelo que, e nesta altura, me caberá juntar mais outro, este da minha lavra: - “a desunião faz a fraqueza”!

Tudo isto a propósito – imagine-se! – do campeonato do mundo de futebol quando, não sendo grande apreciador deste jogo, só vejo algumas partidas se confortavelmente instalado em casa, pela televisão e longe dos atropelos dos perigosos fanáticos clubistas! Iria, pois, ver o campeonato pela televisão.

A Sport TV – empresa surgida do nada e como que por encanto – adquiriu os direitos de transmissão dos jogos para Portugal. Até aqui tudo pareceria razoável caso estivessem em causa as empresas nacionais de televisão – a RTP, A SIC e a TVI, para já não falar nas suas descendentes – e que, com ela, seria suposto terem concorrido quando as emissões televisivas estiveram à venda.

No sábado tinha visto na SIC o jogo de Portugal e, no domingo seguinte, como na SIC não havia transmissões, pude ver os jogos desse dia através da RTL alemã. A locução e os comentários eram em língua alemã, que não domino, mas os bonequinhos, esses podia vê-los perfeitamente a correr no relvado e a marcar e a sofrer golos, afinal tudo o que a mim me interessa e me diverte.

Assim, na segunda-feira, encantado por ter aderido à TV Cabo, voltei a sintonizar a RTL para ver alguns jogos do dia e, qual não é o meu espanto quando vejo surgir um “écran” preto e uma informação que dizia o seguinte: “Emissão interrompida por indicação do Canal, Direitos do Mundial exclusivos da SPORTV para Portugal. 808 200 400" . o número da Sport Tv numa tentativa, mais do que óbvia, de me roubar durante um ano, 240 euros! Queria isto dizer que o Sr. Oliveira (hoje único e todo-poderoso dono da Sport Tv e de mais umas quantas empresas ligadas ao mundo do espectáculo), tinha conseguido meter um pauzinho “legal” na engrenagem e chamar gulosamente a si toda a paparoca do mundial! Sim senhor! Bem feito, muito bem feito! Mas como conseguiu ele isso? É o que me proponho esclarecer, ou tentar esclarecer adiante:

- Conseguiu isso porque com todo o peso do seu dinheiro comprou o impensável e obteve a cúmplice aquiescência do Governo.

Digo impensável porque não posso sequer admitir que um campeonato do mundo de futebol, envolvendo tantos actores, tantos governos e tantas nações possa, alguma vez, considerar-se propriedade de quem quer que seja que não dos povos que, no seu seio, primeiro, cada um por si e, depois, no seu conjunto, geraram tal acontecimento! É a Fifa que é a dona? É aquele senhor gordo com honras de chefe de estado na bancada que vemos a perorar aqui e ali, dando ordens e excretando prepotência? A quem foi, portanto, feita a compra dos alegados direitos e ao abrigo de que princípio de direito natural, legítimo (que não só legal), foi feito este negócio?

E digo aquiescente cumplicidade do Governo porque a este compete zelar pelos interesses dos cidadãos nacionais e protegê-los contra o poder discricionário do dinheiro e dos interesses que o mesmo faz mover, garantindo justiça e equidade para todos, o que declaradamente não fez neste caso.

Já agora imaginemos, por absurdo, que o dono de uma determinada farmácia decidia comprar os direitos de venda no território nacional de determinados medicamentos tornando, porém, a sua venda livre se os interessados lhe pagassem uma mensalidade de 20 euros! Iria o Governo pactuar com semelhante loucura? Iriam as restantes farmácias aceitar tal despautério? Iriam os cidadãos conformar-se? Perguntas às quais não sei e não quero aqui responder.

Quanto a mim e sobre tudo isto apenas tenho uma certeza: - a TV Cabo, que comigo celebrou um contrato através do qual me garantia o visionamento de determinados canais televisivos, não cumpriu a sua parte e lesou os meus direitos. Por esse facto, irei ponderar a atitude a tomar quanto a ela: se pura e simplesmente rescindir o contrato e esquecer o que se passou ou se rescindi-lo e pedir uma compensação por algo que não me poderá mais facultar em espécie (o momento passou!) mas a que os tribunais poderão e saberão (ainda confio na Justiça) atribuir o correspondente valor indemnizatório.

É assim que vivemos e viveremos, se não houver reacção, sob a pata dos que se julgam poderosos, até porque o parecem ser e disso eles mesmos se convencem! Por mim não estou disposto a isso.

---///---

Em tempo: - Ligando para o número da TV Cabo que aparece no "écran" obtive a resposta de que o canal cuja transmissão estava interrompida estaria a transmitir ilegalmente para Portugal pelo que a TV Cabo terá decidido, não a pedido do Canal mas por sua iniciativa, repor a legalidade e cortar o sinal para as casas dos seus clientes!!!

É caso para dizer, pior a emenda do que o soneto, pois não é a pedido do Canal mas por vontade da TV Cabo, mancomunada com a SPORTV e mentindo descaradamente ao seu público, que as transmissões não se realizam! Quem dará a primeira vassourada nestes meliantes engravatados?

publicado por Júlio Moreno às 13:26
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1 comentário:
De bibiana a 15 de Junho de 2006 às 01:16
Muito bem dito; pena os senhores "poderosos" nao terem a inteligencia de compreender o que dizes. So sabem contar, nao sabem ler!


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