Terça-feira, 13 de Junho de 2006

A greve na Opel da Azambuja

Sou exactamente da opinião expressa nos comentários que leio condenando a greve na Azambuja. Ninguém contesta o direito à greve, consagrado, aliás, na nossa Constituição. O que não se entende é que se faça uma greve sem que haja nada para negociar. A greve é uma forma de pressão, uma arma poderosa, espécie de bomba atómica das relações de trabalho, e, como tal, só deve ser usada depois de muito bem ponderadas todas as circunstâncias e implicações, inclusive a longevidade possível da luta que com ela se inicia. Desta forma, diria mesmo que quase anárquica, é que não. Os senhores da Opel, que, como sabemos, são os senhores da General Motors, os mesmos que, com outros, se encontram por trás das guerras do petróleo e da feira de Wall Street, pouco se importam com a greve da Azambuja e, pressionados onde nada lhes dói, vão-se ficar a rir e os trabalhadores a chorar.

Problemas como este não podem nunca ser examinados por pretensos analistas de profissão, designem-se ou não por sindicalistas. Têm de ser decididos por técnicos competentes que saibam olhar muito para além da Azambuja, que saibam olhar para o País, que saibam prever e prevenir, o que, sem margem para quaisquer dúvidas, constitui tarefa que competirá ao Governo. E que faz o Governo? Há tempos afirmava-se empenhado em reduzir o risco, reduziu-o? Agora diz que irá buscar 30 milhões se a fábrica fechar! Milhões de quê, milhões porquê e milhões para quem? Não para os trabalhadores que nunca soube minimamente incentivar.

O problema das multinacionais que se instalam no nosso país (melhor dito, que se instalavam, porque as condições de leste são, por enquanto, muito mais atractivas) assenta fundamentalmente em dois pressupostos: seriedade e produtividade. A seriedade terá de ser provada e não se compra com benesses de milhões à custa de outros milhões e sem um modelo social de trabalho que satisfaça o trabalhador e o faça trabalhar com gosto e com dedicação; e a produtividade afere-se através do binómio custos de produção e preços possíveis do produto acabado perante a competitividade do respectivo mercado. Ora, não é com administrações e serviços não produtivos a custarem milhões que o Estado motiva e incentiva a força de trabalho nacional, diariamente confrontada com a injustiça social que, por si, é consentida quando não tacitamente apadrinhada. O governo e os ministros que dêem o exemplo de seriedade, contenção, austeridade e trabalho que o povo o seguirá. Salários europeus sem competitividade europeia é o mito que, a prevalecer, bem poderá conduzir à ruína de Portugal e dos portugueses.

publicado por Júlio Moreno às 22:15
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