Segunda-feira, 19 de Outubro de 2009

Para que Sua Excelência o Prémio Nobel da Literatura se digne ler e reflectir... se for capaz disso, o modesto escriba que sou, dedica estas linhas...

…

Sei que o tema é delicado, imensamente controverso e, as mais das vezes, objecto de acérrimas críticas feitas, tanto por leigos como por eruditos, e, por isso mesmo, evito falar dele com quem não partilhe das minhas convicções, o que, na verdade, só nestes últimos quatro anos aconteceu, ou que, no mínimo, tolere ouvir-me.

Por isso me atrevo agora a tentar reproduzir aqui algumas dessas recordações algumas delas, reconheço-o, só completadas pelo que hoje deduzo à luz da lógica por que me vou recordando dos acontecimentos, da sua própria sucessão e das informações que vou buscando e, sobretudo, sentindo a própria história.

Procurarei, no entanto, ser o mais coerente possível com o que conservo no que chamarei essa minha “memória inconsciente”, reservando para aquela que aqui chamarei de “consciente” os outros factos ou acontecimentos que não estarei bem certo de se terem produzido mas que buscarei alinhar no tempo e tornar, no mínimo, coerentes com o apoio de toda a documentação coeva que me for possível consultar…

No entanto e sempre que estes ocorram e se me torne necessário tal recurso, procurarei fazer deles menção expressa para que a história que aqui me proponho contar não se consolide numa aceitação condescendente dos que, não tendo a sorte de sentir esta minha “vivência”, possam tentar a ousadia de, ainda que benevolentemente, aqui os porem em causa. Isso não aceito, como não aceitaria nunca, fosse qual fosse o preço por que ma pagassem.

Reafirmarei ainda, … que creio firmemente na reincarnação e que esta, à força de se repetir as vezes necessárias, não será mais do que o “caminho” aberto por Deus ao Homem – seja Ele Jesus, Alá ou Buda - para a purificação e perfeição do seu espírito, a única e verdadeira razão para que Deus o tenha criado, no dizer das Escrituras, à “sua imagem e semelhança”.

Assim, tomando como base a matéria, que a tanto se resume tudo o que vemos e nos rodeia e é palpável, e, por via desta, comparo o espírito ao átomo que gira indefinidamente em torno do seu núcleo, sendo que esse átomo mais não será do que o nosso próprio “espírito” e o seu “núcleo” Deus ou o Anjo da Guarda por Ele enviado para nos guardar e conduzir no nosso caminho rumo à verdadeira perfeição e à vida eterna mas sempre no mais absoluto respeito pela nossa liberdade individual.

Daí que nos possamos erroneamente afirmar ateus, que é o que verdadeiramente não existe, e livremente odiar, matar, roubar e cometer todo o género de crimes e pecados que, contrariando as Suas leis e as que o próprio homem foi criando, isto é, sob a nossa inteira responsabilidade e determinação, nos conduziriam fatalmente a um de tal modo grande e inconcebível vazio existencial que, por definição meramente lógica de um raciocínio, eu diria mesmo que quase empírico, sejamos necessariamente conduzidos à conclusão da existência de uma nova e necessária reincarnação para mais uma gradual e progressiva reeducação com a consequente melhoria e sublimação das nossas qualidades espirituais.

O corpo que alberga esse nosso espírito, afectado por incómodos, doenças e dores que farão parte dessa mesma reeducação através da dor e do sacrifício, mais não será do que um invólucro material e perecível, destinado apenas a dotar-nos de uma individualidade social que nos permita o distinguirmo-nos uns dos outros na época em que vivamos o que, de outro modo, não poderia ser alcançado, isto além de, simultaneamente, proteger esse mesmo espírito dos indesejáveis olhares maliciosos de terceiros assim lhes despertando a curiosidade na perscrutação das suas próprias e ocultas virtudes que terão de formar-se e viver bem no seu interior, na sombra de si próprios, e nunca por imitação de outros ou outras que consigo se cruzem e possam observar e copiar. Essa a personalidade que caracterizará cada um de nós.

Para a morte, como para a anestesia, não existirá a dimensão “tempo”, tal como a conhecemos e definimos: - em segundos, minutos, horas, dias, anos… séculos!

Inexistindo a temporalidade como dimensão, o espírito, - liberto do corpo que então lhe tiver sido dado o qual, decompondo-se e tendendo a desaparecer como tudo o que é finito – será então insensível aos anos que sobre ele transcorram enquanto que aparentemente “morto”, isto é, enquanto não habitando outro corpo, que o mesmo será dizer outro invólucro de figura humana, ou mesmo animal, admito-o, se essa for a vontade do Criador e com isto me aproximando um pouco da doutrina hindu, sábia de séculos, tal como a chinesa.

E, sendo o espírito insensível ao tempo, que, para ele, nunca existirá, tanto fará que entre uma e outra reincarnação medeiem dois anos, como dois séculos ou mesmo dois milénios. Permanecerá, assim e enquanto for essa a vontade de Deus, no que chamaremos “o ciclo da morte”, regressando ao “ciclo da vida” quando tal lhe for ordenado, reincarnando noutra figura humana, normalmente diversa da que já antes tivera e, muito provavelmente, também noutro local.

A sua vida terrena será sempre efémera e transitória e será por ela, pela sua conduta e pelos actos que nela tiver praticado ou omitido, sobretudo para com o seu semelhante, que aferirá Deus da necessidade ou não do seu posterior regresso por uma ou mais novas vidas até se tornar num ser perfeito, e susceptível de ser considerado como verdadeiramente à sua imagem e semelhança. E, atingido que seja esse estádio, deixará de reincarnar e assumirá então funções celestiais de Anjo da Guarda de outros espíritos reincarnados que, por Ele, lhe forem sendo confiados assumindo, quando intervenham, o papel, que na nossa infinita ignorância, apelidaremos de sorte, fortuna ou de providência!

Estas palavras, as considero como absolutamente necessárias à compreensão do que se ira seguir nesta breve história que aqui dedico a quem a leia, mas, de um modo muito particular a alguém muito especial e que nela é igualmente involuntária participante pois não lhe pedi sequer licença para a ela me referir.

E essa história, que mais não será do que a minha própria, me proponho eu escrevê-la à medida em que as recordações me forem surgindo ou as necessidades lógico-dedutivas, para interligação dos seus espaços mais nebulosos ou mesmo omissos forem sendo feitas, constituirão, em si mesmo, a finalidade única desta narrativa …
publicado por Júlio Moreno às 19:27
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