Terça-feira, 31 de Maio de 2005
Greve de médicos!!!... Nunca pensei que algum dia pudesse vir a assistir a uma coisa destas! Entendo a medicina como sempre a vi praticada por meu saudoso pai: - um sacerdócio!
Que eu saiba, nunca ninguém "obrigou" os senhores "clínicos grevistas" a fazerem o juramento de Hipócrates! Mas fizeram-no e, agora, ocupando os lugares de serviço público para que concorreram, permitem-se desguarnecer a frente de combate que juraram defender, deixando-a, enorme e cada vez mais vulnerável, ao inimigo dos nossos dias que, sempre renovado e insidiosamente, a espreita - a doença!
Senhores doutores, pelo que vejo, imagino que os senhores não seriam nunca capazes de ser protagonistas do que, seguidamente, passo a recordar: - São 3 da madrugada e a chuva e o vento parecem querer arrasar a terra! Batem à porta.
- Senhor Dr!... Ela está muito mal!... e seguem-se umas curtas explicações preliminares do "diagóstico" já feito por quem batia.
- Está bem!" - respondem. - O carro vai lá?
- Não, senhor doutor, mas junto do pontão está um cavalo à espera!...
- Vou já... - e o médico que assim respondera, enfiava um casacão de cabedal, punha um cachecol de lã e o chapéu e abalava com a sua pequena mala da "ferramenta" para só regressar bem depois do meio dia, com a barba crescida, um aspecto cansado mas um certo ar de júbilo no olhar.
- Mais um rapaz... esteve difícil..." - foi a curta resposta dada à pergunta que, curiosa e vendo-o chegar, a sua mulher e minha mãe, lhe fizera.
Não têm pena, senhores clínicos grevistas, de que isto nada tenha a ver convosco?...