“Populares desvalorizam ausência de Cavaco
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“A polémica ausência de Cavaco Silva é notada na Praça do Município, em Lisboa, onde decorrem as cerimónias fúnebres de José Saramago, mas é desvalorizada. Populares recordam a animosidade que existia entre o actual Presidente da República e o escritor.
“ «Sabemos que Saramago não gostava de Cavaco Silva. Havia uma certa animosidade. No fundo é menos hipócrita da parte dele não vir. Isso é com ele. Saramago sempre fez o que quis. É bom que Cavaco Silva faça o mesmo», diz Ana Gonçalves, professora de português, que veio à praça do Município prestar homenagem ao escritor que dá nome à escola onde lecciona.
“Teresa Salema vai mesmo mais longe. Sublinha que não é do quadrante político do Presidente da República, mas desculpabiliza inteiramente a sua ausência: «Cavaco Silva, no fundo é um bom homem. Acredito que se ele não está é porque não pôde reprogramar a sua vida para cá estar».
“Susana Estrela é menos benevolente. Reconhece que Cavaco Silva esteja a ser «fiel aos seus princípios», mas considera que devia estar presente. «Devia esquecer os diferendos e vir aqui, enquanto Chefe de Estado, representar o povo português», sublinha.
“Ismael Gonçalves ironiza: «provavelmente Saramago também não quereria que ele estivesses presente».
Este pequeno “apontamento” de opinião pública parece-me particularmente feliz em quanto à imagem que dá do Povo português: - ele mesmo polémico, dividido mas correcto e verdadeiro, em perfeita sintonia com o que lhe vai na alma segundo as mais díspares perspectivas por que analisa o facto de o Presidente não estar presente nas cerimónias fúnebres de José Saramago.
(Farei aqui um pequeno aparte para referir que, quando falo em Povo, dele excluo a classe política e a intelectualidade dominante que esses estarão – pelo menos assim são capazes de julgar-se – muito acima do Povo!)
Claro que Cavaco Silva tinha todo o direito de não estar presente, como não esteve. E se tivesse estado não o estaria fazendo em representação do Povo português, tal como afirmava Susana Estrela, pois não me estaria representando a mim, que faço parte desse mesmo Povo e, como eu, a centenas, talvez milhares que pensem como eu. No entanto, perante um acontecimento que mobilizou grandes massas populares e em que a fina flor da intelectualidade e da política portuguesas fez questão de comparecer e, quem sabe, de procurar bem as câmaras da TV para, através delas, serem vistos em Portugal inteiro, cumpriu a sua obrigação com exemplaridade e de forma digna enviando as condolências à família, essa sim, verdadeiramente enlutada e digna do maior carinho e respeito.
Apoio a posição de Cavaco Silva, ponderado e imparcial Presidente de todos os portugueses, incluindo ele próprio, no que terá sido acompanhado por Jaime Gama, a segunda figura do Estado, ambos “bem ausentes” nos Açores onde, por estranho que pareça, também é Portugal.
Ismael Gonçalves, esse, dado o momento, terá sido menos feliz no comentário proferido. Mas não lhe poderemos levar a mal pois é consabido que onde está um português está sempre uma graçola, ainda de mau gosto como esta.
Mas eu, confesso, ignorava que Saramago não gostava de Cavaco Silva e que este lhe retribuía na mesma moeda. Seria interessante que o articulista desse a conhecer ao público quais as razões de tal desavença. Aqui fica a sugestão.
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